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Ex-executivo da Odebrecht nega propina a políticos

Alexandrino Alencar era o diretor que acompanhava o ex-presidente Lula em viagens ao exterior pagas pela Odebrecht

Por Laryssa Borges e Marcela Mattos, de Brasília
29 out 2015, 19h53

O ex-executivo da Odebrecht Alexandrino Alencar negou nesta quinta-feira ter pago propina a políticos e afirmou que a empreiteira fez doações eleitorais para o PP e a deputados. Alencar é investigado por corrupção e lavagem de dinheiro no processo da Lava Jato. Ao longo de toda a oitiva, porém, o executivo não foi questionado sobre a relação com o ex-presidente Lula, nem sobre os benefícios que teriam sido dados pela Odebrecht ao petista.

Apesar dos depoimentos comprometedores de delatores da Lava Jato, Alencar negou o pagamento de propina feito pela Odebrecht ou pela Braskem e alegou desconhecer até o operador Bernardo Freiburghaus, apontado pelo Ministério Público como o intermediário no envio de dinheiro sujo da empreiteira para as autoridades a serem corrompidas.

Em depoimento aos investigadores da Lava Jato, Rafael Ângulo Lopes, auxiliar de Alberto Youssef, apontou Alexandrino Alencar como a pessoa para quem eram entregues as contas bancárias situadas no exterior para que os depósitos de propina fossem feitos. No depoimento, não há citação dos destinatários do dinheiro sujo, mas Rafael Ângulo diz ter ele próprio também levado números de contas bancárias a Alexandrino na Braskem. Depois da transferência dos valores, os comprovantes dos depósitos de propina eram entregues pelo próprio executivo, sendo que, “em geral”, a própria Braskem fazia as transferências internacionais.

Ao juiz Sergio Moro, Alexandrino Alencar apenas confirmou que fez repasses a partidos políticos e a deputados por meio da Odebrecht e da Braskem. O ex-deputado José Janene, morto em 2010, foi apontado como a ponte para a articulação desses repasses. “Tive contatos ligados a doação de campanha e ao próprio relacionamento político ligado ao PP, ao qual ele era líder”, afirmou. Ele não citou outros partidos políticos ou detalhou nominalmente os políticos beneficiados. O executivo ponderou, no entanto, que as doações eram oficiais e registras.

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Conforme as investigações, a partir de 2011, quando Alexandrino Alencar já estava na Odebrecht, os comprovantes de depósitos eram retirados por Ângulo Lopes na própria empreiteira. A versão foi negada pelo executivo em depoimento hoje na 13ª Vara Federal. Ao longo da Lava Jato, o juiz Sergio Moro defendeu a todo custo a manutenção da prisão preventiva do ex-diretor da Odebrecht, alegando que, se colocado em liberdade, o executivo poderia comprometer as investigações do escândalo de corrupção na Petrobras, destruir provas e continuar a praticar crimes. “O quadro probatório aponta, em cognição sumária, para o envolvimento profundo da Odebrecht no esquema criminoso que comprometeu a Petrobras. As provas têm desde a decretação da prisão apenas se avolumado”, disse o juiz em despacho enviado ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Em outubro, porém, o Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu liberdade a Alexandrino.

Interceptações – O ex-executivo da Odebrecht foi alvo de interceptação da Polícia Federal em que foi flagrada uma conversa entre ele e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em relatório final sobre a gravação, feita durante a Operação Erga Omnes, 14ª fase da Lava Jato, a PF informou ao juiz federal Sérgio Moro que Lula falou por telefone no dia 15 de junho de 2015 com Alexandrino, parceiro do ex-presidente em viagens patrocinadas pela empreiteira. Quatro dias depois do telefonema, Alexandrino foi preso junto com o presidente da empresa, Marcelo Odebrecht.

Segundo o relatório, Lula e Alexandrino estariam preocupados com “assuntos do BNDES”. A PF não grampeou Lula. Os investigadores monitoravam os contatos do executivo, até então investigado na Lava Jato, e por isso a conversa foi gravada.

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Barusco – Também em depoimento ao juiz Sergio Moro, o ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco afirmou nesta quinta-feira que a empresa Norberto Odebrecht pagou propina a ele, por meio de repasses no exterior, durante a atuação do cartel de empreiteiras e relatou que, nas negociações para o pagamento de dinheiro sujo, o clima era “amigável” entre os ex-diretores que recebiam os recursos e as companhias que desembolsaram dinheiro a partir de contratos fraudados.

Conforme antecipou o Radar On-line, Barusco negou superfaturamento em um contrato de operação de sondas da Sete Brasil com a Petrobras, mas implicou o executivo Rogério Santos de Araújo, então diretor da Odebrecht Plantas Industriais e Participações, afirmando que cabia a ele repassar os pedidos de propina e informar sobre a decisão final da cúpula da empresa.

De acordo com o ex-gerente, que foi um dos primeiros delatores da Lava Jato, a propina paga pela Odebrecht foi repassada por meio da Constructora Del Sur, no Panamá. Depois o Ministério Público acabou encontrando seis novas contas correntes ligadas ao grupo abertas em nome das offshores Smith & Nash Engeinnering Company, Arcadex Corporation, Havinsur S/A, Golac Project, Rodira Holdings, Sherkson Internacional e utilizadas para pagar propina a ex-funcionários da Petrobras. Entre 2008 e 2009, a Constructora Del Sur fez pelo menos dez repasses para a Pexo Corporation, de Barusco. “Quem tratava tudo era a Odebrecht”, resumiu ele.

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O delator voltou a citar o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto como um dos intermediários nas negociações de pagamento de propina na Petrobras e na Sete Brasil e informou que o petista se reunia “quase semanalmente” com o ex-diretor Renato Duque. Os dois já foram condenados por Sergio Moro – Vaccari a mais de 15 anos de prisão; Duque, a 20 anos e oito meses de reclusão.

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