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Ex-controlador do Banco Santos torna-se réu por lavagem de dinheiro

Edemar Cid Ferreira, a mulher e o filho responderão na Justiça por ocultar bens provenientes de crime contra o sistema financeiro

Por Da Redação
17 jun 2014, 11h02

O ex-controlador do Banco Santos Edemar Cid Ferreira agora é réu na Justiça pelo crime de lavagem de dinheiro. O Ministério Público Federal em São Paulo informou nesta terça-feira que a Justiça acatou a denúncia apresentada contra o ex-banqueiro, sua mulher, Márcia de Maria Costa Cid Ferreira, e seu filho, Eduardo Costa Cid Ferreira. De acordo com a denúncia, os três ocultaram obras de arte adquiridas com dinheiro desviado do Banco Santos e as incorporaram à Cid Ferreira Collection, Empreendimento S.A, que tem como sócia majoritária uma empresa com domicílio fiscal nas Ilhas Virgens Britânicas.

Segundo o MPF, a acusação se deve à ocultação da “origem, localização e propriedade de bens e valores provenientes da prática de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional” entre novembro de 2004 e dezembro 2008. Em 2005, indícios de remessas de várias obras para o exterior foram encontrados em documentos e e-mails arquivados em computadores apreendidos na casa do ex-banqueiro. Segundo as investigações, as obras eram enviadas ao exterior e negociadas com compradores estrangeiros. Após a negociação, os valores recebidos eram transferidos a mando de Cid Ferreira para contas correntes de terceiros em bancos estrangeiros.

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A denúncia afirma que o procedimento representava uma compensação de crédito, operação usual para o banqueiro que tinha atuação no mercado nacional clandestino de câmbio. “Os doleiros que compraram a moeda estrangeira do ex-banqueiro lhe indicavam em quais contas o valor correspondente deveria ser creditado. Em contrapartida, lhe entregavam moeda nacional em espécie para que pudesse custear o luxuoso estilo de vida mantido por ele e seus familiares, mesmo após ter levado o Banco Santos à falência.”

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Divisão de tarefas – Cid Ferreira aparece como destinatário ou remetente de e-mails referentes ao envio de obras de arte para o exterior, segundo o MPF. Por isso, sempre acompanhava remessas e determinava a forma de pagamento da venda das obras. Com participação ativa na venda, o papel de Márcia de Maria Costa Cid Ferreira era mediar acordos com agentes estrangeiros referentes à movimentação de obras já fora do país para efetuar as vendas. Já o filho, Eduardo Costa Cid Ferreira, tinha a responsabilidade de cuidar dos preparativos para a emissão das obras para fora do país.

Entenda o caso – Quando o Banco Santos quebrou, em 2005, os clientes de Edemar descobriram que o banqueiro havia se apropriado de boa parte do seu patrimônio financeiro. Documentos obtidos por VEJA à época mostravam que ele lesou noventa grandes investidores e torrou 250 milhões de dólares das economias alheias para construir, mobiliar e decorar sua mansão de 4.100 metros quadrados em São Paulo. Mais: Edemar desviou 180 milhões de dólares dos clientes para a conta de sua mulher no Bank of America.

O golpe de Edemar funcionava assim: os gerentes do Banco Santos convenciam grandes investidores a aplicar num fundo de investimentos do Bank of Europe. O dinheiro, no entanto, ia direto para duas contas de Edemar, uma no Bank of America e a outra no Standard Chartered Bank, sediado na Inglaterra. De lá, os recursos eram usados para pagar despesas pessoais do ex-banqueiro. Foram encontrados registros de transferências bancárias que ilustram como era o estilo de vida de Edemar na fase pré-CDP de Guarulhos. Só para seu decorador e arquiteto pessoal, ele transferiu 6,6 milhões de dólares entre 2002 e 2003. Outros 5 milhões de dólares foram para galerias de arte de Londres, Paris, Nova York e Hong Kong. As casas de leilão Christie’s e Sotheby’s receberam 4,6 milhões de dólares. A lista inclui ainda pagamento por tapetes persas, móveis, pisos de mármore e até eletrodomésticos. Para não falar de um cartão de crédito cuja fatura mensal chegou a alcançar 100.000 dólares.

A fraude só foi descoberta depois que o Banco Santos entrou em intervenção judicial. Quando a instituição brasileira fechou as portas, os investidores tentaram resgatar os recursos e descobriram que as aplicações tinham virado pó. Edemar alegou que o dinheiro desaparecera porque havia sido emprestado para a Alsace Lorraine, uma empresa que também quebrara. Só não disse que a tal Alsace Lorraine era uma empresa-fantasma aberta por ele em outro paraíso fiscal, as Ilhas Virgens Britânicas.

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