Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Estudo usado como referência em decreto diz que armas pioram violência

Texto menciona índices de levantamento produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pelo Ipea para justificar facilitação da posse

Por Leonardo Lellis Atualizado em 15 jan 2019, 19h16 - Publicado em 15 jan 2019, 18h16
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Ao prever as hipóteses de “efetiva necessidade” para facilitar a posse de armas, o Decreto 9.685 assinado nesta terça-feira pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) cita como parâmetro o índice de violência medido pelo Atlas da Violência 2018, produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. O Fórum, entretanto, lamentou o texto publicado no Diário Oficial da União e que já está em vigor.

    Publicidade

    “Trata-se de uma aposta na violência, uma vez que existem evidências bastantes robustas dentro do debate sobre segurança pública que, quanto mais armas, mais crimes”, afirma a entidade, em nota. O fórum também vê “burla” ao Estatuto do Desarmamento. “Um decreto nunca poderia ser superior a uma lei. E a lei estipula que é necessário haver um critério.”

    Publicidade

    Segundo o decreto, todos que morem na área rural ou em cidades localizadas em estados com mais de dez homicídios a cada 100 mil habitantes no ano de 2016, conforme os dados do Atlas da Violência publicado em 2018, terão direito a adquirir armas e munições. Na prática, libera a posse no país todo, já que todas as unidades da federação têm índices superiores ao previsto.

    Além de mapear a taxa de homicídios em todo o país, o relatório mostra que 71,1% dos homicídios em 2016 foram praticados com armas de fogo. Entre suas conclusões, o Atlas da Violência lembra que a difusão de armas de fogo “apenas jogou mais lenha na fogueira da violência letal”. O estudo menciona que, desde 1980, o crescimento dos homicídios foi basicamente devido às mortes com o uso de armas, uma vez que os assassinatos causados por outros meios permaneceram constantes desde o começo da década de 90.

    Publicidade

    O estudo que o governo usou para embasar seu decreto também mostra que o Estatuto do Desarmamento, aprovado em 2003, interrompeu a “corrida armamentista” que impulsionava mortes violentas e impediu um crescimento de 12% além do registrado. “Não fosse essa legislação que impôs um controle responsável das armas de fogo, a taxa de homicídios seria ainda maior que a observada.”

    Para Isabel Figueiredo, conselheira do FBSP, a menção ao estudo reforça a “importância e consistência dos dados produzidos”. “Mas o governo criou um critério tão amplo que, concretamente, significa não ter critério. Isso vai contra o espírito do Estatuto do Desarmamento, que é restringir o acesso a armas.” “A quantidade de riscos que este decreto traz é muito grave diante de uma possibilidade nenhuma de servir para reduzir a criminalidade. As pessoas vão estar mais inseguras em suas residências ou em qualquer estabelecimento comercial.”

    Publicidade

    O Fórum também afirma que o a prioridade do governo deveria ser melhorar seus próprios instrumentos de controle de circulação de armas de fogo. “Basta dizer que 94,9% das armas apreendidas em 2017 não foram cadastradas no sistema da Polícia Federal (Sinarm) e 13.782 armas legais foram perdidas, extraviadas ou roubadas, o que equivale a 11,5% das armas apreendidas pelas polícias no mesmo ano. É como se um mês de trabalho das polícias tivesse se perdido”, aponta.

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.