“Esquisito”, ex-ministro e malufista ficam com vagas deixadas na Câmara por novos secretários de Haddad
Assistente de palco do Ratinho, Marquito é suplente de Celso Jatene, que assume Esportes; Orlando Silva, envolvido em escândalo que lhe custou o ministério, entrará na vaga de Netinho de Paula
“Esquisito por esquisito, vote no Marquito”. O slogan do assistente de palco Marco Antonio Ricciardelli (PTB), conhecido por apanhar de convidados submetidos a testes de DNA no Programa do Ratinho, não foi suficiente para elegê-lo vereador em São Paulo no primeiro turno das eleições deste ano. Ele, que pretendia repetir o fenômeno Tiririca – palhaço escolhido deputado federal por mais de um 1 milhão de eleitores em 2010 – teve 22.198 votos que lhe garantiram apenas a suplência. Mas, agora, graças a um empurrãozinho do prefeito eleito Fernando Haddad (PT), que nomeou o vereador eleito Celso Jatene (PTB) para a Secretaria de Esportes, o assistente de palco vai poder assumir uma cadeira na Câmara paulistana.
E não é só Marquito. Outros quatro suplentes também devem assumir as vagas de vereadores eleitos convidados por Haddad para compor o novo secretariado do Executivo paulistano. As nomeações, até o momento – falta escolher ainda 11 dos 27 secretários -, farão com que assumam o posto de vereador na capital um ex-ministro acusado de participação em um esquema de desvios, um notório político malufista e um vereador que já defendeu publicamente a contratação de parentes (confira lista ao lado). Todos são suplentes de partidos que compõem a aliança que levou Haddad à vitória.
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O ex-ministro que vai virar vereador é figura conhecida em alguns dos recentes escândalos dos governos Lula e Dilma Rousseff: Orlando Silva (PC do B). Entre 2006 e 2011 ele comandou o Ministério do Esporte e deixou o cargo após ter seu nome envolvido em denúncias de desvios de verbas destinadas a programas sociais. Agora, Silva assume a vaga do pagodeiro e colega de partido Netinho, que foi convidado por Haddad para assumir a recém-criada Secretaria de Promoção da Igualdade Racial.
Quem entra e quem sai na Câmara de São Paulo
ENTRAM:
- Orlando Silva (PC do B)
- Wadih Mutran (PP)
- Abou Anni (PV)
- Marquito (PTB)
- Alessandro Guedes (PT)
SAEM:
- Celso Jatene (PTB)
- Antônio Donato (PT)
- Netinho (PC do B)
- Roberto Trípoli (PV)
- Eliseu Gabriel (PSB)
Já Abou Anni (PV), vereador desde 2004, não se reelegeu neste ano, mas vai assumir a vaga de Roberto Trípoli (PV), nomeado titular da Secretaria de Verde e Meio Ambiente. Cassado em 2009 pela Justiça Eleitoral por suspeita de receber doações eleitorais irregulares, Abou Anni permaneceu como vereador ao conseguir suspender a sentença na Justiça. Em 2008, quando foi revelado que o vereador empregava parentes em seu gabinete, Abou Anni defendeu publicamente as contratações em uma entrevista ao jornal Folha de S.Paulo. “A qualificação está na pessoa e não se é parente ou não”, disse à época.
O currículo de Wadih Mutran (PP) não é menos impressionante. Malufista de longa data e vice-líder do governo Celso Pitta (1997-2000), ele vai assumir a vaga do petista Antônio Donato, coordenador de campanha de Haddad, que será secretário de Governo. Mutran é também um dos personagens de algumas das célebres fotos que mostraram o deputado Paulo Maluf (PP-SP), o ex-presidente Lula e Haddad selando a polêmica aliança entre PP e PT nas eleições municipais, em junho.
No mês seguinte, Mutran foi assunto na imprensa quando entregou sua declaração de bens à Justiça Eleitoral. Os dados mostraram que ele declarou possuir patrimônio de 3,8 milhões de reais, contra 1,9 milhão declarados em 2008. Mutran justificou o aumento de patrimônio à sorte: “Em maio de 2009, eu tive a sorte de ter em mãos o bilhete completo cujo número saiu no primeiro prêmio”, disse, afirmando que havia ganhado 600 000 reais após apostar numa trinca – três bilhetes sorteados – cada um com prêmio de 200 000.
Mais uma das trocas envolve a saída do vereador e presidente do PSB municipal, Eliseu Gabriel, que vai para a Secretária de Desenvolvimento Econômico. No seu lugar, assume Alessandro Guedes, político petista ainda desconhecido que disputou sua primeira eleição e é ligado a ONGs que atuam no bairro do Itaquera, na Zona Leste de São Paulo.