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Escolhas de Dilma evidenciam estratégia de enfrentar Lula

No alto escalão petista, consolida-se a tese de que a presidente age da forma oposta à esperada para demonstrar poder diante do partido e de seu mentor

Por Gabriel Castro
7 fev 2015, 12h33

Na quinta-feira, véspera do anúncio de que Aldemir Bendine foi escolhido como novo presidente da Petrobras, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva queixava-se a aliados da falta de diposição de Dilma Rousseff em dialogar e ouvir seus conselhos. A troca de comando na estatal era o exemplo mais recente: Lula sugeriu os nomes do ex-presidente do Banco Central Henrique Meireles, do executivo Antonio Maciel Neto e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho. Dilma não aceitou e, no dia seguinte ao desabafo de Lula, confirmou a tese ao nomear um nome que desagradou o corpo de funcionários da companhia e não fora aventado em momento algum.

No alto escalão petista, consolida-se a tese de que a presidente às vezes age da forma oposta à esperada justamente para demonstrar poder diante do partido e de seu mentor.

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A tensão entre o partido e o governo, entre as propostas do ex-presidente e as decisões de Dilma, sempre existiu. Mas agora, com a crise no governo, tornou-se mais evidente. Atingido em cheio pela operação Lava Jato, que investiga os desvios da Petrobras, o partido sofre com o esvaziamento da base aliada no Congresso e, apesar de comandar o governo, não se vê representado nas decisões de Dilma.

A queixa principal é a de que a chefe do Executivo não ouve ninguém além do seu restrito círculo de conselheiros. Atualmente, o nome mais influente do governo é o do ministro da Casa Civil, Aloísio Mercadante. Lula credita a ele parte das decisões desastradas do atual governo, como a escolha de nomes controversos para o ministério e a desastrada sucessão na Petrobras, que derrubou as ações da empresa.

O ex-presidente também acredita que Pepe Vargas não está preparado para comandar as Relações Institucionais. Tampouco confia no poder do ministro Miguel Rossetto, a quem vê como incapaz de instigar os movimentos sociais a defender o governo. No segundo mandato, o governo Dilma é mais dela e menos de Lula. E, para boa parte do PT, é esse o problema.

Lula está numa encruzilhada, como ele mesmo reconheceu a um interlocutor. O ex-presidente contou ter perguntado ao ditador cubano Raul Castro como ele tratava as desavenças com o irmão Fidel. Ouviu a seguinte resposta: “Tudo o que meu irmão fez de bom e ruim eu estava junto. Não posso me desvencilhar”. Lula, então, emendou: “Comigo e a Dilma, é a mesma coisa”. O ex-presidente, que pretende se lançar candidato novamente em 2018, sabe que o agravamento da crise do atual governo pode prejudicar seus planos para a próxima eleição. Mas não quer forçar um rompimento que pode ser prejudicial ao partido.

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A postura do ex-presidente reflete o clima dentro do PT. Parlamentares da sigla já dizem abertamente que a bancada precisa se descolar do governo neste mandato, dada a crônica falta de diálogo do Planalto com os aliados no Congresso. “Não seremos linha auxiliar da oposição, mas também não vamos baixar a cabeça para o governo”, diz o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG). A formação da equipe ministerial e as medidas econômicas recentes também desagradaram boa parte da militância. E a postura débil da presidente da República diante da crise política causa o temor de que o Planalto seja engolido de vez pelos acontecimentos.

Diferentemente de Lula em 2005, quando explodiu o mensal o, Dilma não tem apoio massivo nas ruas e nem possui grande poder de articulação política. Seu isolamento é visto como um sinal perigoso por correligionários.

É por isso que o conselho dado pelo ex-presidente no ato que marcou os 35 anos do PT, nesta sexta-feira, traz uma admoestação embutida: “(Se houver) um erro desastroso nosso, quem vai sofrer não somos nós, é o povo humilde desse país. E você em obrigação não de governar para o Lula e o Rui Falcão. É governar cuidando do povo brasileiro”.

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