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Empresário envolvido no caso Celso Daniel usou dinheiro do petrolão para comprar jornal, diz MPF

Segundo as investigações, parte do empréstimo tomado do Banco Schahin, que seria destinado ao PT, foi parar no bolso de Ronan Maria Pinto, preso na 27ª fase da Lava Jato

Por Da Redação 1 abr 2016, 12h36

Um dos pontos-chaves da 27ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Carbono 14 e deflagrada nesta sexta-feira, foi a identificação de um pagamento de 6 milhões de reais endereçado ao empresário paulista Ronan Maria Pinto. O dinheiro teria vindo do empréstimo fraudulento de 12 milhões de reais que o pecuarista José Carlos Bumlai contraiu com o Banco Schahin, a pedido do PT, em 2004. Um dos dois mandados de prisão temporária, cumpridos hoje, foi contra Ronan Maria Pinto – o outro foi para o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira, que também é acusado de ter participado da fraude.

Empresário com diversos negócios na região do ABC paulista, Ronan Maria Pinto é apontado pelo Ministério Público de São Paulo como um dos participantes do esquema de corrupção instalado em Santo André (SP) durante a administração de Celso Daniel (PT), que foi assassinado em 2012 em circunstâncias ainda misteriosas. Em novembro do ano passado, Ronan foi condenado a dez anos de prisão pela 1ª Vara Criminal de Santo André por suposta participação em um esquema de cobrança de propina de empresas de transporte contratadas pela gestão do prefeito petista. Na mesma decisão, também foi sentenciado o empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sombra.

Segundo o procurador da força-tarefa da Lava Jato Diogo Castor, há indícios de que Ronan tenha usado parte do dinheiro para comprar as ações do Diário do Grande ABC, do qual se tornou o principal controlador. O periódico também foi alvo de buscas e apreensão nesta sexta-feira. “O dinheiro foi repassado [do Schain] diretamente para o empresário que estava vendendo as ações”, afirmou Castor.

Em nota enviada por sua assessoria de imprensa, Ronan negou as acusações e disse que, agora preso, terá a oportunidade de esclarecer as questões “de uma vez por todas”.

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Em 2012, conforme revelou VEJA, o publicitário Marcos Valério, condenado no mensalão, contou que foi procurado por Silvio Pereira, então secretário do PT, para levantar dinheiro para comprar o silêncio de Ronan Pinto, que ameaçava implicar Lula e Gilberto Carvalho na morte de Celso Daniel. Valério, então, teria se recusado a participar do esquema, segundo a sua própria versão. Na época, ele tentava fechar um acordo de delação premiada com o Ministério Público para diminuir a sua pena no mensalão, o que não foi aceito.

O procurador Diogo Castor disse que o depoimento foi usado para embasar os pedidos de prisão, mas frisou que ainda não é possível afirmar que o esquema de corrupção montado na Petrobras tem relação com a morte de Celso Daniel. “A razão pela qual Ronan Maria Pinto recebeu valores é a grande pergunta”, disse Castor, em coletiva de imprensa.

Em depoimento à Lava Jato, o pecuarista José Carlos Bumlai admitiu que tomou o empréstimo junto ao grupo Schahin para pagar dívidas do PT. A dívida teria sido quitada com a contratação da companhia – o grupo Schahin atua em diversos setores – para operar o navio-sonda Vitória 10.000, pela Petrobras, em 2009, ao custo de 1,6 bilhão de dólares.

O procurador também explicou que o empréstimo investigado se deu nos mesmos moldes do que foi feito no mensalão. “Empréstimos tomados junto a instuições financeiras, simulação de pagamento e depois favorecimento dentro do governo federal. A tipologia foi muito parecida. Não é o mesmo esquema, mas está interrelacionado”, disse ele.

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