Empresário do agro sofre retaliação de bolsonaristas nas redes sociais
"Eu só não estou fichado no Dops porque não existe mais Dops", reclama Carlos Augustin, um dos principais interlocutores do setor junto à campanha de Lula
O empresário Carlos Ernesto Augustin, considerado um dos dez maiores produtores de sementes de soja do Brasil, vem sendo alvo do que chama de “milícias digitais”. Depois de tentar minimizar e explicar a fala de Lula (PT), que se referiu aos representantes do setor como “fascistas”, ele passou a ser atacado por apoiadores do presidente Bolsonaro (PL) nos grupos de whatsApp. “Eu só não estou fichado no Dops porque não existe mais Dops, mas estou na mira do ‘gabinete do ódio’, o que é muito pior.
Para o sojicultor, Lula não se referiu ao setor de uma maneira geral, mas “a certos integrantes radicais” que existem em todos os lugares. “O remetente dessa campanha está muito claro. É o Palácio do Planalto. O agricultor que pensar diferente dos bolsonaristas está fichado e se ele manifestar opinião nas mídias e for empresário, eles vão tentar acabar com o negócio”, desabafou o empresário, que já procurou a Polícia Federal para investigar a origem dos ataques.
Nas redes sociais, postagens pregam um boicote à empresa de Augustin e fazem acusações contra ele: “Seu dono apoia Lula e o PT, apoia invasão de terras pelo MST, apoia restrição à liberdade, apoia a insegurança jurídica, apoia a descriminalização das drogas, apoia a ideologia de gênero para crianças, apoia o ataque às famílias”, diz a imagem nas redes.
Augustin é um dos interlocutores do agronegócio junto à campanha do ex-presidente Lula. Ele é irmão do economista Arno Augustin, secretário do Tesouro Nacional do governo Dilma Rousseff, e um dos fundadores da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja). “ Virei apoiador do MST, invasão de terra e comunismo. Eu sempre apoiei a classe e os políticos ligados à agricultura. Tudo isso porque eu não entendo que o capitão seja algo razoável para o Brasil”, diz .