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Em Salvador, todos contra ACM Neto

Desempenho do candidato do DEM pode credenciá-lo para tentar levar o carlismo de volta ao poder na Bahia em 2018

Por Felipe Frazão Atualizado em 23 ago 2016, 17h18 - Publicado em 23 ago 2016, 12h52

Avaliado como melhor prefeito do país entre treze capitais em levantamento divulgado em janeiro pelo Instituto Paraná Pesquisas, Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM) caminha para consolidar sua reeleição em Salvador, o terceiro maior colégio eleitoral do Brasil.

ACM Neto é favorito à reeleição com chances de vencer ainda no primeiro turno. Mas uma ameaça clara à imagem do prefeito pode surgir da Operação Lava Jato. O nome de ACM Neto consta em listas apreendidas pela Polícia Federal como destinatário de recursos de empreiteiras como a Odebrecht e a Camargo Correa.

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O desempenho de ACM Neto pode ser definidor de seu futuro político e credenciá-lo para tentar levar o carlismo de volta ao poder na Bahia em 2018, ano de eleições gerais. Apesar do costumeiro desgaste de imagem dos prefeitos que se reelegem ao longo do segundo mandato, Neto passaria a ser o líder do DEM de expressão nacional com os melhores resultados nas urnas em campanhas para cargos executivos, algo que o senador Ronaldo Caiado (GO) e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (RJ), nunca alcançaram. Publicamente o prefeito rechaça ter intenções de se candidatar em 2018.

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Por enquanto, ACM Neto polariza o debate eleitoral em Salvador com alguém que não concorre a cargo nenhum, mas ocupa um posto que o DEM almeja recuperar: o governador do Estado, Rui Costa (PT). Sucessor de Jaques Wagner, ex-ministro do governo Dilma Rousseff, é ele quem representa hoje o polo político oposto ao carlismo no Estado, há três mandatos consecutivos no poder. O PT, no entanto, não lançou candidatura própria – algo que não ocorria desde 1992 e desagradou a muitos dirigentes petistas. O partido nunca venceu uma eleição para prefeito em Salvador.

O PT estimulou a pulverização de candidaturas da base do governo Rui Costa/Jaques Wagner. Sempre como apoiador do PT e com papel secundário nas alianças eleitorais da era Lula e Dilma, o PCdoB não recuou da candidatura da deputada federal Alice Portugal, uma estridente defensora da presidente Dilma Rousseff em Brasília. Ao fim, ela conseguiu atrair o PT para a vice e também o apoio da senadora Lídice da Mata (PSB), uma das pré-candidatas que agradava ao governo estadual. Rui Costa tem mais palanques: o do ex-secretário municipal Cláudio Silva (PP) e o deputado estadual pastor sargento Isidório (PDT). Por partidos nanicos, também concorrem Rogério da Luz (PRTB) e a vice-prefeita Célia Sacramento (PPL), insatisfeita por ter sido preterida na chapa à reeleição.

Rui Costa tem se envolvido diretamente no debate e, segundo aliados, voltou a atenção e os cofres do Estado para a capital baiana, com obras em hospitais, por exemplo, e o planejado lançamento de um VLT no subúrbio, na esteira da inauguração do primeiro trecho de metrô, cuja gerência passou da prefeitura para o governo estadual depois de dezesseis anos em obras.

A maior vitrine do herdeiro do carlismo são os investimentos em grandes eventos, como o Carnaval, e obras execução na extensa orla de Salvador. As intervenções incluem novos calçadões, ciclovias, aparelhos esportivos, paisagismo e quiosques. Candidato mais rico da disputa com quase 28 milhões de reais em seu nome (ainda elevou o patrimônio declarado em 109% entre 2012 e 2016), o democrata passou a ser identificado como candidato dos ricos e que governa segundo os interesses da classe média e da elite soteropolitana, por causa dos gastos em áreas nobres e voltadas ao turismo.

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O deputado brizolista pastor sargento Isidório, por exemplo, afirma que ACM Neto implantou uma indústria das multas e age como um “tirano”, com truculência contra camelôs. “Ele trata a cidade como se fosse a mansão dele. Ele valoriza muito maquiagem, governa para os mais abastados e esquece dos pobres”, diz. Segundo ele, a popularidade do prefeito se deve à péssima avaliação do antecessor, João Henrique (PMDB). “Qualquer senhor que chegasse aqui para ser prefeito seria bem avaliado.”

Candidato do PSOL, o sociólogo Fabio Nogueira critica as decisões da administração e afirma que ACM Neto fez pouco para diminuir o desemprego e a desigualdade social. “Ele organizou a máquina do município e investiu em obras para resgatar a autoestima da população. Mas privilegiou bairros nobres e ao gosto do capital imobiliário. Ele prioriza uma cidade de cimento, cinza, e está pouco preocupado com o impacto que vai ter na vida da população. Faltou diálogo.”

A preocupação com a vinculação a uma elite na cidade mais negra do país fica clara na estratégia de marketing do democrata. ACM Neto lançou um jingle diz “o gueto e a favela colam com ele”, e adotou como slogan “o prefeito da gente”.

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