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Em primeira fase, CPI só ouviu 8% dos convocados

Colegiado aprovou a convocação de 109 pessoas. Dessas, 24 compareceram à CPI. E a maioria preferiu o silêncio: 15 depoentes se mantiveram calados

Por Laryssa Borges e Gabriel Castro
15 jul 2012, 08h27

A CPI do Cachoeira chegará à metade de sua vida útil tendo ouvido pouco mais de 8% das testemunhas convocadas a falar. A Comissão Parlamentar de Inquérito passou a funcionar no fim de abril e, com o recesso, só retornará aos trabalhos em 2 de agosto. Até agora foram convocadas 109 pessoas. Dessas, apenas 24 compareceram à CPI. E a maioria preferiu o silêncio: 15 depoentes se mantiveram calados.

A CPI tem prazo de funcionamento de seis meses – que podem ser renovados por igual período em caso de necessidade. No segundo semestre, o ritmo de depoimentos terá de ser acelerado se os parlamentares quiserem ouvir – ou tentar ouvir – todos os convocados. A partir de agosto, a comissão deve passar a se reunir duas vezes por semana, e não mais três. Além disso, as eleições municipais e o julgamento do mensalão enfraquecem o ritmo de trabalho e tiram os holofotes da comissão de inquérito.

Laranjas – Dos convocados para falar até agora, boa parte são laranjas de empresas ligadas ao grupo de Cachoeira. Um número significativo de depoentes integra o bando do contraventor.

Alguns dos principais personagens do escândalo optaram pelo silêncio, a começar pelo próprio Carlinhos Cachoeira. Orientado pelo ex-ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, o bicheiro disse que usava seu direito constitucional de permanecer em silêncio. Abriu a porteira para todos os demais depoentes se valerem de não-depoimentos.

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Nenhum laranja quis dar à CPI detalhes do esquema de contravenção e corrupção de autoridades. O então senador Demóstenes Torres, a ex-chefe de gabinete de Marconi Perillo, Eliane Pinheiro, e o araponga Idalberto “Dadá” de Araújo também ficaram calados na comissão.

Na lista dos que decidiram falar, estão três ocupantes de cargo eletivo: o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT) e o prefeito de Palmas, Raul Filho (PT). Outros dois são investigadores, que falaram a portas fechadas: os delegados da Polícia Federal Matheus Mella Rodrigues e Raul Alexandre Marques.

Os outros a colaborar com a CPI foram o ex-chefe de gabinete de Agnelo, Cláudio Monteiro, o arquiteto Alexandre Milhomen, que decorou a casa de Cachoeira, o empresário Walter Paulo, envolvido na venda do imóvel, e o ex-vereador Wladimir Garcez, ligado ao grupo de Cachoeira. Este se limitou a ler um pronunciamento escrito, mas não respondeu as perguntas dos parlamentares.

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Dentre os que não compareceram à CPI, alguns apresentaram justificativas: Jayme Rincón, presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras Públicas (Agetop), faltou a depois depoimentos alegando razões médicas. O mesmo fez Joaquim Thomé Neto, suposto araponga da quadrilha. Rosely Pantoja, sócia da empresa Alberto&Pantoja, não foi encontrada pela comissão. Ana Cardozo de Lorenzo, empresária que foi paga pela Pantoja, simplesmente não compareceu.

A inexpressividade dos depoimentos tomados até agora pela CPI divide espaço também com revelações de desorganização do relator, Odair Cunha (PT-MG). De acordo com funcionários da CPI, o petista encaminha em cima da hora pedidos para a oitiva de testemunhas, forçando policiais a se desdobrarem para cumprir as “missões” e encontrar os depoentes.

Segunda etapa – A segunda etapa da CPI, após o recesso legislativo, deve ter início com as pressões para o depoimento de deputados federais envolvidos no esquema do contraventor Carlinhos Cachoeira. São cinco ao todo: Sandes Júnior (PP-GO), Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), Rubens Otoni (PT-GO), Stepan Nercessian (PPS-RJ) e Protógenes Queiroz (PCdoB-SP). A comissão ainda precisa aprovar a convocação dos parlamentares.

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Outras testemunhas aguardadas são o ex-presidente da construtora Delta, Fernando Cavendish, e o ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antonio Pagot. Embora a tendência seja de que Cavendish permaneça em silêncio diante dos parlamentares, Pagot pode revelar a atuação da construtora Delta com a suposta compra de agentes públicos e os mecanismos de desvio de verbas públicas para a formação de caixa dois de campanhas políticas.

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