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Em grampo, lobista do PT cita líder do governo Dilma

Grupo que fraudava licitações cita o uso de emendas do líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia; deputado nega conhecer acusados

Por Da Redação
18 abr 2013, 09h55

Relatório da Operação Fratelli, desencadeada na semana passada pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público (MP) dentro de uma ação de combate à corrupção no país, mostra que o grupo acusado de fraudar licitações em prefeituras da região noroeste do interior paulista cita o uso de emendas do deputado e líder do governo Dilma Rousseff na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT). Os documentos transcrevem telefonemas de Gilberto da Silva, o Formiga, apontado como “lobista do PT” na região de São José do Rio Preto. Frequentemente, ele faz menção a Chinaglia e declara o apoio que teria prestado a dois ex-assessores do parlamentar petista, candidatos em 2012 na eleição municipal de Ilha Solteira, cidade do interior.

Chinaglia rechaçou categoricamente vínculos com o lobista: “Ele vai ter que provar”, desafiou, referindo-se às conversas de Formiga captadas pela PF. O deputado também negou conhecer Olívio Scamatti, dono da empreiteira Demop e apontado pela PF como chefe da quadrilha que se infiltrou na gestão de 78 prefeituras.

Um grampo de 1º de outubro, às 16h30, pegou Formiga contando a um aliado sobre suposto encontro com Chinaglia e Toninho do PT, ex-assessor do petista e eleito vereador de Ilha Solteira. No dia seguinte, às 9h46, Formiga caiu no grampo com “Roberto”, de Mirassolândia. Ele diz que se reuniu com Toninho do PT. “Ele (Toninho) disse que dá para pôr um monte de recurso lá.”

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O lobista afirma que no fim de semana “carregou o Arlindo para todo lugar na região”. “O Arlindo vai ter 50 milhões de reais em emendas extraparlamentares prometidos pela presidente Dilma porque ele é líder dela na Câmara dos Deputados”, diz Formiga. “Isso dá pra colocar num monte de cidade.” Ele relata que o deputado lhe falou que “em cidade pequena pode ser colocada emenda de 130 000 reais ou até 140 000, e daí foge de licitação”.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, um dos trechos dos autos da operação, datado de 20 de setembro de 2012, assinala que Formiga presta serviços a Olívio Scamatti, “especialmente no que tange aproximação do empreiteiro a diversas administrações municipais, por meio de financiamento de campanhas eleitorais ou mesmo na intermediação de liberação de emendas parlamentares através de sua atuação como lobista do PT.” “É consectário lógico que as emendas provisionadas aos municípios constituirão o reforço financeiro, a posteriori, dos empresários que financiaram, às escuras, campanhas eleitorais”, completa o documento.

Outro lado – Há quase 25 anos como parlamentar, Chinaglia, que não é investigado na operação, rechaçou categoricamente vínculos com o lobista Gilberto da Silva ou com o empresário Olívio Scamatti. “Não conheço nenhum deles e não recebi nenhuma doação de campanha desse grupo”, declarou o deputado que, nesta quarta-feira, enviou ofício ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, requerendo imediata abertura de inquérito “para analisar, de forma aprofundada”, as citações a seu nome nos autos da Operação Fratelli.

“Vou fazer a busca da prova negativa. Eu tenho uma história, não consigo fica calado com essa situação”, desabafou Chinaglia. Ele revela indignação com o que classifica de “ilações e informações incompletas” que atingem sua conduta. “Não tenho medo, só quero esclarecer o mais rápido possível. Esse vagabundo vai ter que provar”, disse o petista, referindo-se às conversas de Formiga captadas pela Polícia Federal.

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Chinaglia confirma que fez emendas para a região de São José do Rio Preto. “Muitas emendas, tive mais de 30.000 votos nessa região, mas fiz também para outras áreas. Emendas de 150 000, de 200 000 reais. Agora, 50 milhões? Como se eu tivesse um cofre monstruoso e que, por consequência, vai haver um grande esquema.” O ex-presidente da Câmara confirmou que Toninho do PT, eleito vereador de Ilha Solteira (SP), foi seu assessor. “Não sei se (Toninho) teve apoio, eu respondo por mim.”

Toninho do PT disse que foi assessor de Chinaglia de 2005 a 2012 e admite que conhece Gilberto Formiga. “Eu conheci o Gilberto porque ele é lobista e eles ficam sabendo que você é assessor de um deputado com muita votação. Não prometi nada para o Gilberto, nem eu nem o Cícero (que foi candidato do PT a prefeito de Ilha Solteira).” “Todas as emendas do Arlindo são para onde ele tem voto ou por questão política, atende algum prefeito.”

(Com Estadão Conteúdo)

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