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Em depoimento à CPI, empresária nega elo com Cachoeira e diz ter sido usada por ex-marido

O ex-presidente do Detran-GO, Edivaldo Cardoso de Paula, permaneceu calado. Comissão quer priorizar ligações da Delta com esquema do contraventor

Por Tai Nalon
15 ago 2012, 15h01

A empresária Roseli Pantoja negou nesta quarta-feira à CPI do Cachoeira que conheça o contraventor Carlos Augusto Ramos. Roseli disse que seu nome foi usado sem seu consentimento para a abertura de pelo menos seis empresas fantasmas e colocou na conta do ex-marido, o contador Gilmar Carvalho de Moraes, seu envolvimento no esquema do bicheiro.

“Só sei o que vi na internet”, disse. “Não trouxe advogado. O que tenho a dizer é que meu nome foi usado. Fiquei sabendo há dois meses por um jornalista”.

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Apontada pela Polícia Federal como sócia na empresa fantasma Alberto e Pantoja Construções, envolvida no esquema capitaneado por Carlinhos Cachoeira, Roseli afirmou que, em 2011, entregou uma procuração ao ex-marido para que ele abrisse uma empresa em seu nome. Foi com esses dados que o contador, que segundo Roseli estaria endividado, abriu também uma conta em um banco, contraiu empréstimos e registrou um cartão de crédito.

Gilmar Carvalho, por sua vez, aparece como sócio de outra empresa usada pela organização criminosa. Todas, de acordo com o relator da CPI, deputado Odair Cunha, abertas a partir de 2009 – data em que foi cadastrado um segundo CPF da empresária sob a grafia de “Rosely Pantoja”.

O fato causou confusão entre os parlamentares, que chegaram a pensar que se tratava de uma homônima. “Soube pela internet que procuraram um endereço meu e constava que tenho dois CPFs”, disse a empresária. “Um com ‘y’ e o outro ou ‘i’. Por isso achei que poderia ser eu”.

Roseli foi ouvida pelos parlamentares na condição de testemunha. Não levou advogados – alegou que não tinha dinheiro para pagar – e respondeu perguntas por cerca de uma hora e meia. Ela negou que conhecesse Carlos Alberto de Lima, seu sócio na Alberto e Pantoja e sócio de seu marido em outra empresa fantasma. Junto com Lima, a empresária teria recebido, conforme as investigações, 60 milhões de reais do esquema do contraventor. Desses, mais de 27 milhões de reais seriam oriundos da Delta.

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O depoimento de Roseli foi motivo de alívio para os parlamentares, que temiam que as testemunhas permanecessem caladas. O ex-presidente do Detran-GO, Edivaldo Cardoso de Paula, cujo depoimento estava marcado para mais cedo, permaneceu calado. Ele aparece em gravações da Polícia Federal como articulador de um repasse irregular de verbas do governo de Goiás para empresas do contraventor.

Próximos passos – A preocupação dos congressistas agora se volta para os depoimentos do ex-diretor da Delta, Fernando Cavendish, e do ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), Antonio Pagot. Considerados por senadores e deputados os dois mais importantes integrantes do esquema gerenciado por Cachoeira, os parlamentares temem que eles fiquem em silêncio – o que, na avaliação de integrantes da CPI, seria uma espécie de “pá de cal” nos trabalhos do colegiado.

Diante dos pedidos dos parlamentares de alinhar as investigações da CPI às práticas criminosas da Delta apontadas pela PF, Odair Cunha reafirmou que a CPI tem “linha de investigação própria”. Ele descartou que as investigações estejam perdendo o foco e disse que os parlamentares estão tentando ter dimensão dos tentáculos do bicheiro nas diversas esferas de governo. “Nós não desmantelamos essa organização criminosa até hoje”, disse.

Cunha evitou falar de novas estratégias para ouvir Cavendish e Pagot. Afirmou apenas que a estratégia de silêncio na comissão é incriminatória e que não coloca em xeque as investigações. “Estamos investigando tudo o que a Delta cedeu à organização do Cachoeira”, afirmou. “Todas as movimentações suspeitas serão consideradas por nós em nosso relatório”.

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