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Em busca de voto, Bolsonaro vende ilusão ao funcionalismo

Presidente acenou com reajuste que dificilmente será aprovado porque, se a promessa não for cumprida, poderá culpar o Congresso

Por Daniel Pereira 21 nov 2021, 11h12

Detentor do maior índice de rejeição entre os pré-candidatos à Presidência da República, Jair Bolsonaro aposta na aprovação da PEC dos Precatórios para recuperar a sua popularidade principalmente entre quem tem renda mensal entre dois e cinco salários mínimos, grupo que forma metade do eleitorado brasileiro. A proposta já foi aprovada na Câmara, está no Senado e permite um gasto adicional de pelo menos 90 bilhões de reais em 2022, que será destinado, entre outras coisas, para o custear Auxílio Brasil, o novo programa federal de transferência de renda, cujo objetivo é atender 17 milhões de pessoas.

De olho em sua reeleição, Bolsonaro disse na semana passada que, caso a PEC dos Precatórios seja aprovada e promulgada, o governo pretende usar parte do espaço fiscal criado para também dar um reajuste linear ao funcionalismo público. “A inflação chegou a dois dígitos. Conversei com o Paulo Guedes (ministro da Economia) e, em passando a PEC dos Precatórios, tem que ter um pequeno espaço para dar algum reajuste. Não é o que eles merecem, mas é o que nós podemos dar. Todos os servidores federais, sem exceção”, declarou o presidente durante visita ao Bharein.

Foi uma promessa meramente eleitoreira, com pouca — ou nenhuma — chance de ser cumprida. Um dos principais obstáculos a um eventual reajuste dos salários do funcionalismo vem dos próprios congressistas, que querem usar o espaço fiscal aberto com a PEC dos Precatórios em benefício próprio, e não de terceiros. Além de bancar o Auxílio Brasil, a prioridade dos parlamentares é garantir fatias bilionárias em emendas parlamentares e fundo eleitoral.

“Não vi espaço para reajuste de servidores. Os números da Economia apresentados para Câmara não previam esse aumento”, reagiu o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), aliado de Bolsonaro. O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), e o relator do Orçamento da União de 2022, deputado Hugo Leal (PSD-RJ), deram declarações no mesmo sentido. “Não sei de onde ele tirou isso. Não está no nosso cálculo”, afirmou Leal.

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O presidente não está preocupado com a possibilidade de sua promessa não ser cumprida. Como de costume, ele já tem pronta a desculpa para apresentar ao funcionalismo: dirá que tentou, mas que o Congresso não aprovou a iniciativa. A mesma cantilena já foi usada outras vezes e deve ser repetida à exaustão até o dia da eleição, inclusive em outra tema de interesse dos servidores.

Em setembro, uma comissão especial da Câmara aprovou a reforma administrativa, que consta da lista de prioridades do governo, é defendida pela equipe econômica, mas não deslancha por um motivo: Bolsonaro acha que, se o texto passar, perderá apoio do funcionalismo, justamente a parcela do eleitorado que ele quis afagar com a promessa teatral de reajuste.

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