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Em 2014, Cristiane Brasil pressionou servidores por votos

Indicada para o Ministério do Trabalho por Michel Temer, a deputada federal diz em gravação que, se não fosse eleita, os funcionários perderiam seus cargos

Por Da Redação Atualizado em 5 fev 2018, 08h14 - Publicado em 5 fev 2018, 08h13

Uma gravação traz a deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ), com nomeação pelo presidente Michel Temer (MDB) para o Ministério do Trabalho suspensa pela Justiça, pressionando servidores públicos da Prefeitura do Rio de Janeiro, em 2014, a pedirem votos para sua campanha ao Congresso. A parlamentar, então secretária especial do Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida, afirma que, se não fosse eleita, os funcionários perderiam seus cargos.

“Eu só tenho um jeito de manter o emprego de vocês. É me elegendo” diz no áudio, revelado pelo programa Fantástico, da TV Globo. Ao menos quatro ex-servidores confirmaram para a reportagem da emissora terem estado presentes em reuniões do tipo. A então secretária informa ainda qual é a “meta” que precisam se preocupar: “se eu perder a eleição de deputada federal… eu preciso de 70.000 votos, eu fiz quase 30 (mil votos, na campanha para a Câmara Municipal em 2012). Agora são 70.000. No dia seguinte, eu perco a Secretaria. No outro dia, vocês perdem o emprego”.

Cristiane Brasil ainda orienta os funcionários do órgão da Prefeitura responsável pela assistência aos idosos a como usar o cargo em favor de sua campanha. “Eu preciso de uma coisa que está na mão de vocês agora, que é a credibilidade junto ao idoso, é a amizade que eles têm com vocês, é o carinho que eles têm com vocês no dia a dia”, explicou.

Junto com ela, estava o ex-cunhado, o deputado estadual Marcus Vinícius (PTB), então candidato à reeleição. Além da campanha da então secretária ao Congresso, os servidores também precisavam se engajar para reeleger Vinícius para a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). “O que a gente pede hoje? Acho que a Cris já falou o que tinha que falar. Nós temos mais de dois mil funcionários. Se cada um de vocês conseguir 30 votos, 50 votos, já quase atingiu o objetivo. Vai chegar a 150.000 votos.”

O “objetivo” da dupla foi atingido. Cristiane Brasil recebeu 81.817 votos para a Câmara e Marcus Vinícius foi reeleito com 31.192 votos. Uma reportagem do jornal O Estado de S.Paulo revela um outro fato que constrange a situação política da deputada, filha do presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson: um inquérito, enviado ao Ministério Público Federal (MPF) em virtude do foro privilegiado de Cristiane, investiga uma suspeita de que ela e o ex-cunhado pagaram a traficantes para ter o direito de fazer campanha no bairro de Cavalcanti, na Zona Norte da capital fluminense, durante as eleições de 2010.

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Ao programa da TV Globo, Cristiane Brasil afirmou que ela “não foi ouvida no inquérito e nega contato com criminosos”. A deputada também disse “desconhecer” o áudio e alegar que “jamais infringiu qualquer norma ética ou jurídica relacionada às eleições”. Marcus Vinícius disse que “em 2010, prestou esclarecimentos” sobre o inquérito e que, por também desconhecer, “não pode se manifestar sobre o suposto material”, a respeito da gravação.

Nomeação

A deputada do PTB foi indicada para o Ministério do Trabalho pelo partido depois que o ex-ministro Ronaldo Nogueira deixou o cargo para se candidatar a sua campanha à reeleição para o Congresso. Sua posse, no entanto, está suspensa há um mês por decisões da Justiça, que levaram em conta suas condenações na esfera trabalhista para alegar que a nomeação feria a moralidade do serviço público.

A segunda vez que ela foi impedida de tomar posse foi por uma liminar da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), a ministra Cármen Lúcia. A Corte deve julgar nas próximas semanas se a petebista pode ou não tomar posse no cargo. Cristiane Brasil recorreu ao plenário.

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