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Ele voltou: os cálculos e os bastidores de Eduardo Cunha rumo à eleição

Inelegível, o ex-presidente da Câmara aposta que irá retomar direitos políticos e tem metas ousadas com base em ‘voto ideológico’ de São Paulo

Por Sofia Cerqueira, Caio Sartori Atualizado em 18 abr 2022, 09h59 - Publicado em 16 abr 2022, 08h00

Quando deu a VEJA a primeira entrevista após sair da cadeia, em maio de 2021, Eduardo Cunha afirmou: “Eu vou voltar.” Agora, cerca de um ano depois, o ex-presidente da Câmara dos Deputados e artífice do impeachment de Dilma Rousseff de fato voltou ao jogo político. No dia 9 de abril, apareceu até no palanque do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), durante uma inauguração do Executivo fluminense. Apesar de estar se movimentando no seu berço político, o ex-emedebista, agora filiado ao PTB de Roberto Jefferson, tentará concorrer a deputado federal por São Paulo. Trata-se de uma aposta estratégica, calcada na ideia de que o estado pode lhe render mais votos do que o Rio – e para não dividir eleitores com a filha, a também candidata Danielle Cunha. Com apoio declarado a Jair Bolsonaro e disposto a fazer campanha pela reeleição do presidente, a velha raposa quer criar no eleitorado a ideia de que “quem tirou uma, pode tirar outro”. Ou seja, o ex-mandachuva da Câmara almeja transmitir a mensagem de que pode ser um tormento para Lula – na campanha e num eventual governo -, assim como foi para Dilma. Para se cacifar nas urnas, contudo, o principal desafio é na Justiça. Ao ser cassado pela Casa, em setembro de 2016, Cunha teve os direitos políticos suspensos até 2027, um empecilho que está convicto de que irá reverter.   

A interlocutores, o carioca, que mudou o domicílio eleitoral para o outro lado da Dutra, tem elencado os motivos que o fizeram trocar de reduto depois de cinco eleições bem sucedidas no Rio. Cita, por exemplo, o fato de quatro filhos morarem na “locomotiva do Brasil”, como costuma chamar a capital paulista. A principal razão, no entanto, é estritamente política: acredita que poderá ter mais votos ideológicos por se tratar de um estado marcado pelo antipetismo, onde os presidenciáveis do partido costumam perder as eleições para o Planalto, além de ter sido o principal palco das manifestações de 2016 em prol do afastamento da ex-presidente. O ex-deputado já até estima, segundo fontes ligadas a ele, o número de votos que poderia receber por lá: incríveis 900 000, que o colocariam entre os três mais votados nas últimas duas eleições. 

O otimismo de Cunha se baseia numa transição clara no perfil de seu eleitorado. No Rio, ele sempre contou com sufrágios mais baseados na política tradicional, pouco ideologizados, especialmente em municípios da região metropolitana. Agora, na esteira da visibilidade conquistada no impeachment de Dilma, centra todas as forças no voto de opinião, pegando carona no bolsonarismo e na oposição ao PT. Evangélico, o ex-deputado pretende defender bandeiras genéricas como a “família”, a “vida” e a crítica ao aborto. 

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Eduardo Cunha em palanque ao lado de Max Lemos (ao microfone), da filha Danielle Cunha e do governador Cláudio Castro. (Reprodução/Instagram)

Enquanto não começa oficialmente a pedir votos no novo reduto, Cunha tem batido ponto em agendas de políticos fluminenses. O episódio com Castro, por exemplo, se deu na inauguração de obras em conjuntos habitacionais na Zona Norte do Rio. Nas fotos do evento que divulgou nas redes sociais, o governador omitiu a presença do ex-presidente da Câmara. Sua aparição, porém, se tornou pública quando o deputado estadual e ex-secretário de Obras do Palácio Guanabara, Max Lemos (Pros), publicou as imagens em que ele aparece no canto do palanque. Em outra ocasião, em janeiro, camuflado de boné e máscara, discursou a moradores da favela Cidade de Deus, na Zona Oeste, e prometeu impulsionar obras de saneamento básico na região. A participação em palanques cariocas tem uma explicação cristalina: alavancar a campanha da filha, Danielle Cunha, que também concorrerá à Câmara dos Deputados, mas pelo antigo berço do pai e num partido diferente, o poderoso União Brasil. 

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Logo após ser cassado pela própria casa legislativa, Cunha foi preso preventivamente em outubro de 2016 pela Polícia Federal, no âmbito da Lava Jato, acusado de receber propina em contrato de exploração de petróleo na África e de lavar o dinheiro em contas na Suíça. Enquanto respondia a outras ações, o ex-deputado ficou na cadeia até março de 2020, quando conseguiu passar para o regime domiciliar em decorrência da pandemia de Covid-19. O direito de responder em liberdade foi conquistado em maio do ano passado. Agora, a inelegibilidade imposta pela Câmara à qual pretende voltar desponta como o principal obstáculo a ser vencido na nova empreitada eleitoral do homem que já teve Brasília nas mãos. 

Assista à entrevista concedida a VEJA em maio de 2021:

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