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E-mails de Marcelo Odebrecht citam Mercadante

Segundo a Polícia Federal, o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli também foi citado nas mensagens

Por Da Redação
23 jul 2015, 10h37

Análise da Polícia Federal de troca de e-mails entre o presidente da Construtora Norberto Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e executivos do grupo indicam tentativa da maior empreiteira do país de apresentar propostas com preços majorados em contratos de navios-sondas para a Petrobras. As mensagens citam os nomes do ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante (PT-SP), e do ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli como contatos políticos da empreiteira, alvo da Operação Lava Jato, nas negociações. Na ocasião da troca de e-mails de Odebrecht, em 2011, Mercadante ocupava o cargo de ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação.

“Foram identificadas, por parte do Grupo Odebrecht, especialmente do executivo Marcelo Odebrecht, ações com o objetivo de exercer influência política para obtenção de êxito na celebração de novos contratos com a Petrobras”, conclui o Laudo 1476/2015, subscrito por três peritos criminais federais do Setor Técnico Científico da PF.

Em e-mail de 7 de janeiro de 2011, às 8h57, Marcelo Odebrecht escreveu: “Quanto a Petrobras precisamos saber quem é que decide este assunto e a estratégia para influenciá-lo. No que tange a influenciar temos vários caminhos (mais ou menos eficazes), mas precisamos ter cuidado com a reação de Estrela [Guilherme Estrela, ex-diretor da Petrobras] e equipe a esta pressão, pois uma coisa é influenciar na construção de uma solução desde o início, outra é pressão para reverter uma decisão tomada.”

“Junto ao Estrela vejo importante a conversa de vocês (importante saber também feedback conversa Mercadante – me acionem se não conseguir obter do Luiz Elias). Posso também pedir a Mercadante um reforço”, afirmou Odebrecht na mensagem. “Por fim tem o próprio Gabrielli como ultima tentativa, que poderia fazer. Ele não gosta da gente (Suzano, Quattor, sondas), mas a tese é boa e talvez quem sabe?”, diz a mensagem.

O laudo tem dezenove páginas. Assinam o documento os peritos criminais federais João José de Castro Vallim, André Fernandes Brito e Audrey Jones de Souza. O documento, anexado aos autos da Lava Jato, analisa material apreendido na 14ª fase da Operação Lava Jato – batizada de Erga Omnes, de 19 de junho – em poder de dois de seus alvos, o empresário Marcelo Odebrecht e o executivo Roberto Prisco Ramos.

Nas conversas entre 2010 e 2011, que incluem dois outros executivos presos da empreiteira, Rogério Araújo e Márcio Farias, o tema tratado é os sete contratos de navios-sonda, usados para exploração de petróleo em alto mar, nos campos do pré-sal. Os contratos foram fechados em 2011 com a Sete Brasil – empresa criada pela Petrobras, com fundos e bancos – para fornecer 29 equipamentos, pelo valor total de 25,5 bilhões de dólares, para a estatal.

Delatores da Lava Jato afirmaram que os contratos envolveram propina de 1% destinada ao esquema de corrupção na estatal, via PT. O Estaleiro Enseada Paraguaçu (EEP), do Grupo Odebrecht, foi um dos contratados. “A partir desse material identificou-se elementos que demonstram a tentativa da Odebrecht em apresentar propostas comerciais com preços majorados, relativas a contratos para prestação de serviços de operação de sondas, em prejuízo da Petrobras”, atesta o laudo da PF.

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Defesa – O ministro da Casa Civil Aloizio Mercadante afirma em nota que defendeu o regime de partilha, a Petrobras como operadora única no Pré-Sal, a política de conteúdo local e de compras públicas para viabilizar investimento na cadeia industrial de gás e petróleo.

“Minha única questão referente à Petrobras foi a construção do navio de pesquisa oceanográfica, que foi uma parceria entre MCTI, Marinha do Brasil, Petrobras, Vale do Rio Doce, ANP e escolas oceanográficas. Este navio foi adquirido pela Marinha em licitação pública, vencida pela ASK Sub Sea, empresa norueguesa, e chegará em agosto de 2015 ao Brasil. Este tema foi tratado com o presidente da Petrobras José Celso Gabrielli, com o então diretor de Exploração e Produção, Guilherme Estrella, e com o presidente do Centro de Pesquisas e Desenvolvimentos da Petrobras (Cenpes), que fazia interface com o MCTI. A Odebrecht Braskem defendia a construção em estaleiro nacional, mas não era adequado dada a complexidade tecnológica do projeto. A Odebrecht não participou do projeto e, portanto, não faz parte do consórcio que administrará o navio”, diz o ministro.

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José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, diz não temer quebra do seu sigilo fiscal ou bancário em relação a comportamentos ilícitos. “Todas as minhas operações financeiras e tributárias se pautaram pela extrema transparência e legalidade”, diz ele. A Odebrecht diz, em nota, que o relatório “presta um desserviço à sociedade e confunde a opinião pública ao estabelecer suposições a partir de e-mail de Marcelo Odebrecht, quando deveria ater-se a fatos concretos”. A Sete Brasil afirma que desconhece a que se refere o termo “Itália”.

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(Com Estadão Conteúdo)

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