Doleiro financiou compra de gado para o deputado Argôlo, diz jornal
Alberto Youssef, preso pela PF, teria desembolsado R$ 110 mil na compra de sessenta bezerros em nome do deputado baiano
O deputado baiano Luiz Argôlo, do Solidariedade, precisará esclarecer a já malfadada relação que mantém com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal durante a Operação Lava-Jato. Os documentos da investigação apontam que Youssef teria financiado até dois caminhões lotados de bezerros para Argôlo. O valor da negociada seria de até 110.000 reais, segundo informações do jornal Folha de S.Paulo, que teria tido acesso a documentos da PF.
A Lava-Jato investiga um esquema bilionário de lavagem de dinheiro e Yousseff seria o principal pivô. Nas investigações, o nome de Argôlo aparece constantemente ligado ao de Youssef. Em dezembro do ano passado, os dois chegaram a trocar mensagens e o deputado teria fornecido dados de uma conta bancária de uma pessoa e também de uma empresa para que o doleiro depositasse a quantia que seria paga pelo transporte e venda do gado.
Segundo trecho da investigação, a mensagem trocada pressionava Youssef: “Esses 110 resolvem tudo, 50 de um e 60 de outro, diga que você consegue, vá”, escreve Argôlo . Youssef responde: ”Ok, vou correr atrás para fazer bjo”. Uma das contas fornecidas pelo deputado é em nome de Júlio Gonçalves de Lima Filho, um comerciante de gado baiano. O depósito no valor de 60.000 reais seria para ele. A outra quantia, de 50.000 reais, deveria ser depositada na conta da empresa União Brasil Transporte e Serviços.
Lima Filho confirma ter negociado com Argôlo. “Comprei garrote [bezerros de até 4 anos de idade] para ele e a família dele. Vendi um caminhão, dois caminhões de garrote para ele, mais ou menos”, afirmou. Pela avaliação, em dois caminhões caberiam cerca de sessenta bezerros, no valor de 1.000 reais cada.
O fazendeiro afirmou que conhece Argôlo porque teria sido apresentado ao deputado por amigos do ramo de agronegócios. “Todo mundo conhece ele aqui na Bahia como deputado e fazendeiro”, afirmou.
Conforme VEJA revelou em abril, Argôlo teria negociado com Youssef e cobrado 120.000 reais para transferir o chefe de gabinete do deputado.
Procurado, o deputado não se manifestou. A transportadora União Brasil Transporte e Serviços também não respondeu.
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