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Dirceu dita as regras e cobra Lula de dentro da cadeia

Ex-ministro queixa-se sobre a forma como Lula administrou o escândalo do mensalão. E acredita que o episódio pode interferir na campanha de reeleição de Dilma

Por Da Redação
25 nov 2013, 08h32

Preso em uma cela de 6 metros quadrados, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu criticou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela forma como ele administrou até agora o escândalo do mensalão. A insatisfação com Lula foi manifestada por Dirceu a pelo menos três amigos que o visitaram, nos últimos dias, no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, onde ele está preso desde o dia 16 de novembro.

Irritado com a falta de posicionamento do Planalto, Dirceu perguntou: “E o Lula não vai falar nada?”. Mesmo de dentro da prisão, Dirceu pressionava o ex-presidente a fazer um pronunciamento. Três dias depois do recado dado, Lula fez o mais veemente discurso desde que os petistas foram condenados. Sugeriu, na quinta-feira passada, que o rigor da lei só vale para o PT e dirigiu ataques ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa.

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Irritação – Dirceu está contrariado com a falta de posicionando do ex-presidente. E a irritação não vem de hoje. Na visão do ex-ministro-chefe da Casa Civil, a falta de uma posição clara de Lula em defesa dos mensaleiros pode abalar a imagem do PT e interferir na campanha da presidente Dilma Rousseff à reeleição. Interlocutores de Dirceu afirmam que ele sempre reprovou a forma “conciliatória” como Lula conduziu o caso desde que o escândalo estourou, em junho de 2005.

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Em conversas mantidas dentro da cela, no presídio da Papuda, Dirceu tem dito que Lula errou ao não fazer o “enfrentamento” necessário para não deixar a denúncia de corrupção virar um fantasma que abala o PT e o governo. Para Genoino, os condenados no mensalão não têm escapatória, mesmo se conseguirem reduzir suas penas, pois perderam a batalha da comunicação. “Estamos marcados como gado”, resumiu Genoino a um amigo.

Na avaliação de Dirceu, Lula deixou a CPI dos Correios prosperar, em 2005, quando ainda teria condições de barrá-la. Por esse raciocínio, ao não politizar a denúncia da compra de votos no Congresso, Lula abriu caminho para a “criminalização” do PT. O partido até hoje insiste que nunca corrompeu deputados em troca de apoio e só admite a prática do caixa dois.

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Influência – Arquiteto da campanha que levou o PT ao Palácio do Planalto em 2003, Dirceu revelou que Lula chegou a consultá-lo sobre a nomeação de Luiz Fux para o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal. “Se você está dizendo que sim, quem sou eu para dizer que não?”, disse Dirceu, segundo relato de amigos, antes de ser procurado por Fux, que pediu sua ajuda para conquistar o cargo.

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Fux acabou nomeado em 2011 por Dilma. Petistas juram que ele prometeu “matar no peito” a acusação, em sinal claro de que absolveria os réus petistas. Quando Fux deu o voto pela condenação dos mensaleiros, o espanto no governo e no PT foi generalizado.

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Num café da manhã com Dirceu, em novembro de 2010, Lula prometeu que, quando estivesse fora do Planalto, desmontaria a “farsa do mensalão”. A promessa não foi cumprida sob a alegação de que era preciso blindar o primeiro ano do governo Dilma. Depois vieram as disputas municipais de 2012 e agora o ano é pré-eleitoral. E a insatisfação de Dirceu com Lula continua.

(Com Estadão Conteúdo)

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1/51 José Dirceu se entrega na sede da Polícia Federal, em São Paulo (Ivan Pacheco/VEJA)2/51 José Genoino se entrega na sede da Polícia Federal, em São Paulo (Ivan Pacheco/VEJA)3/51 O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, durante análise dos recursos apresentados pelas defesas dos 25 réus condenados pela corte, os chamados embargos, nesta quarta-feira (21) (Pedro Ladeira/Folhapress/VEJA)4/51 A deputada Angela Guadagnin (PT-SP) dançando no plenário da Câmara dos Deputados após a votação que absolveu o deputado João Magno (PT-MG) do processo de cassação, no Congresso Nacional, em Brasília (Beto Barata/Agência Estado/VEJA)5/51 O ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, durante pronunciamento da sua demissão do cargo e o retorno ao cargo de deputado federal, no Palácio do Planalto, após as denúncias do deputado Roberto Jefferson acusando-o de envolvimento no esquema do "mensalão" (Joedson Alves/Agência Estado/VEJA)6/51 O ex-deputado Roberto Jefferson concede entrevista coletiva à imprensa, na sede do PTB (Agêcia Brasil/Divulgação/VEJA)7/51 Simone Vasconcelos, diretora financeira da agência SMPB Comunicação, de propriedade do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, depondo na CPMI dos Correios, no Senado Federal (Ana Araujo/VEJA)8/51 O empresário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza, citado pelo deputado Roberto Jefferson como pagador do "mensalão", durante seu depoimento na CPMI dos Correios (Celso junior/Agência Estado/VEJA)9/51 O ministro e relator Joaquim Barbosa, em sessão no plenário do STF que julga o inquérito do "mensalão", esquema de compra de votos de parlamentares (Carlos Humberto/Agência BG Press/VEJA)10/51 José Dirceu, deputado federal do PT-SP e ex-ministro-chefe da Casa Civil, durante depoimento ao Conselho de ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados (Ana Araujo/VEJA)11/51 O deputado federal José Dirceu (PT-SP) apresenta a sua defesa no Conselho de éica e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, no Congresso Nacional (Celso Júnior/Agência Estado/VEJA)12/51 Deputados federais José Dirceu, indicado Ministro da Casa Civil, José Carlos Martinez, do PTB-PR, José Genoíno, presidente do PT e Roberto Jefferson, presidente do PTB, conversando sobre acordo político entre seus partidos (Alan Marques/Folha Imagem/VEJA)13/51 O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, durante acareação com o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares em sessão da CPI Mista da Compra de Votos (mensalão), no Congresso Nacional (Beto Barata/Agência Estado/VEJA)14/51 Reprodução de imagem do programa "Fantástico", da Rede Globo, com a entrevista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, concedida em Paris, sobre as declarações prestadas pelo ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares de Castro, e pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, na CPI dos Correios (Reprodução Rede Globo/VEJA)15/51 Parlamentares discutem na sessão da CPI dos Correios no Congresso Nacional, em BrasÌlia, sobre a quebra de sigilo bancário de Delúbio Soares, José Dirceu, José Genoíno e SÌlvio Pereira (Celso Junior/Agência Estado/VEJA)16/51 Roberto Jefferson, deputado federal do PTB-RJ e presidente do partido, depondo sobre a acusação de envolvimento com corrupção nos Correios e o pagamento do mensalão do PT a parlamentares do PP e do PL em troca de apoio e votos favoráveis ao Governo Lula no Congresso Nacional, no Conselho de éica e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados (Lula Marques/Folha Imagem/VEJA)17/51 Condenado do mensalão, José Dirceu desembarca no hangar da PF em Brasilia (Pedro Ladeira/Folhapress/VEJA)18/51 O ex-presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) José Genoino e o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, deixam o prédio da Polícia Federal em um Corolla escoltado, rumo ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo (SP), neste sábado (16) (Ivan Pacheco/VEJA)19/51 O ex-presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) José Genoino e o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, deixam o prédio da Polícia Federal em um Corolla escoltado, rumo ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo (SP), neste sábado (16) (Ivan Pacheco/VEJA)20/51 O advogado de José Dirceu, José Luís de Oliveira Lima concede entrevista, em São Paulo (SP), neste sábado (16) (Ivan Pacheco/VEJA)21/51 José Dirceu se entrega na sede da Polícia Federal, em São Paulo (Ivan Pacheco/VEJA)22/51 José Dirceu se entrega na sede da Polícia Federal, em São Paulo (Ivan Pacheco/VEJA)23/51 José Dirceu se entrega na sede da Polícia Federal, em São Paulo (Ivan Pacheco/VEJA)24/51 José Dirceu se entrega na sede da Polícia Federal, em São Paulo (Ivan Pacheco/VEJA)25/51 José Dirceu se entrega na sede da Polícia Federal, em São Paulo (Ivan Pacheco/VEJA)26/51 José Dirceu se entrega na sede da Polícia Federal, em São Paulo (Ivan Pacheco/VEJA)27/51 José Dirceu se entrega na sede da Polícia Federal, em São Paulo (Ivan Pacheco/VEJA)28/51 Condenado do mensalão, José Genoino desembarca no hangar da PF em Brasilia (Pedro Ladeira/Folhapress/VEJA)29/51 Partidários de José Genoino, protestam contra a prisão do ex-deputado, em São Paulo (Ivan Pacheco/VEJA)30/51 Partidários de José Genoino, protestam contra a prisão do ex-deputado, em São Paulo (Ivan Pacheco/VEJA)31/51 José Genoino se entrega na sede da Polícia Federal, em São Paulo (Ivan Pacheco/VEJA)32/51 Partidários de José Genoino, protestam contra a prisão do ex-deputado, em São Paulo (Ivan Pacheco/VEJA)33/51 José Genoino se entrega na sede da Polícia Federal, em São Paulo (Ivan Pacheco/VEJA)34/51 José Genoino a caminho da Polícia Federal, em São Paulo (Ivan Pacheco/VEJA)35/51 José Genoino a caminho da Polícia Federal, em São Paulo (Ivan Pacheco/VEJA)36/51 José Genoino a caminho da Polícia Federal, em São Paulo (Ivan Pacheco/VEJA)37/51 José Genoino a caminho da Polícia Federal, em São Paulo (Renato Ribeiro Silva/Futura Press/VEJA)38/51 José Genoino deixa sua casa para se entregar a Polícia Federal, em São Paulo (Robson Fernandjes/AE/VEJA)39/51 José Genoino se entrega na sede da Polícia Federal, em São Paulo (Ivan Pacheco/VEJA)40/51 O ministro Ricardo Lewandowski durante sessão no plenário do STF (Supremo Tribunal Federal) para julgar os recursos dos 13 réus que não tem direito aos embargos infringentes no processo do mensalão, nesta quarta-feira (13) (Gervásio Baptista/SCO/STF/VEJA)41/51 O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, durante sessão no plenário do STF (Supremo Tribunal Federal) para julgar os recursos dos 13 réus que não tem direito aos embargos infringentes no processo do mensalão, nesta quarta-feira (13) (Marcello Casal Jr./Agência Brasil/VEJA)42/51 O presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, durante sessão no plenário do STF para julgar os recursos dos 13 réus que não tem direito aos embargos infringentes no processo do mensalão, nesta quarta-feira (13) (Pedro Ladeira/Folhapress/VEJA)43/51 Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) durante sessão para julgar os recursos dos 13 réus que não tem direito aos embargos infringentes no processo do mensalão, nesta quarta-feira (13) (Nelson Jr./SCO/STF/VEJA)44/51 O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski, durante análise dos recursos apresentados pelas defesas dos 25 réus condenados pela corte, os chamados embargos, nesta quinta-feira (12) (Nelson Jr./SCO/STF/VEJA)45/51 Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), durante análise dos recursos apresentados pelas defesas dos 25 réus condenados pela corte, os chamados embargos, nesta quinta-feira (12) (Nelson Jr./SCO/STF/VEJA)46/51 Advogados dos réus - O ministro do STF Celso de Mello desempata a disputa que decide se 12 réus do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF) terão direito a usar um recurso chamado embargo infringente, que garante novo julgamento para condenações por placares apertados, com pelo menos quatro votos pela absolvição (Joel Rodrigues/Frame/Folhapress/VEJA)47/51 Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), durante análise dos recursos apresentados pelas defesas dos 25 réus condenados pela corte, os chamados embargos, nesta quinta-feira (12) (Nelson Jr./SCO/STF/VEJA)48/51 O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, durante análise dos recursos apresentados pelas defesas dos 25 réus condenados pela corte, os chamados embargos, nesta quarta-feira (04) (Gervásio Baptista/SCO/STF/VEJA)49/51 O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, durante análise dos recursos apresentados pelas defesas dos 25 réus condenados pela corte, os chamados embargos, nesta quarta-feira (21) (Gervásio Baptista/STF/VEJA)50/51 O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, durante análise dos recursos apresentados pelas defesas dos 25 réus condenados pela corte, os chamados embargos, nesta quinta-feira (22) (Pedro Ladeira/Folhapress/VEJA)51/51 Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), durante análise dos recursos apresentados pelas defesas dos 25 réus condenados pela corte, os chamados embargos, nesta quarta-feira (04) (Gervásio Baptista/SCO/STF/VEJA)

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