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Dilma confirma saída de Mantega se for reeleita

Presidente afirmou nesta segunda-feira que a troca ocorreria a pedido do ministro, alegando razões "pessoais" para não continuar á frente da área econômica, cujo desempenho é acúmulo de números negativos

Por Gabriel Castro, de Brasília
8 set 2014, 15h43

A presidente-candidata Dilma Rousseff (PT) confirmou nesta segunda-feira que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, não vai continuar no cargo caso ela se reeleja. A afirmação foi feita durante entrevista concedida ao jornal O Estado de S. Paulo, no Palácio da Alvorada, em Brasília. “O Guido Mantega já me comunicou que ele não tem como ficar no governo no segundo mandato por questões eminentemente pessoais, que peço para vocês respeitarem”, disse.

A saída de Mantega ganhou força na última semana, quando Dilma afirmou em agenda de campanha que teria uma “equipe nova” no segundo mandato. “Governo novo, equipe nova, não tenha dúvida disso”, disse a petista em Fortaleza, na última quinta-feira. O anúncio da saída do ministro foi feito sem que a presidente consultasse o ministro, provocando mal estar na equipe de governo. O gesto da presidente foi criticado por seus adversários. O candidato tucano Aécio Neves criticou afirmou que o país ficou sem ministro da Fazenda no meio da campanha. Marina Silva, do PSB, disse que é “tarde demais” para a petista anunciar mudanças na equipe econômica.

Mantega, que está no comando da Fazenda por tempo recorde – oito anos – já teve sua saída solicitada pelo mercado inúmeras vezes, graças ao pífio crescimento econômico, combinado com inflação elevada. Nas últimas semanas, dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a inflação acumula 6,51% em doze meses até setembro, e recessão técnica depois de o Produto Interno Bruto (PIB) mostrar contração de 0,6% no segundo trimestre deste ano. Mesmo diante a piora do cenário econômico, Mantega – e toda a equipe governista – tem mostrado dificuldade em reconhecer os erros cometidos e se resumido a culpar o baixo desempenho da economia pela crise internacional.

Embora a troca de ministro seja bem-vinda pelo mercado, a permanência da presidente Dilma – a grande mentora das decisões econômicas – é que preocupa. De olho nisso, ela apressou-se a dizer que também quer mudar, embora não mostre como. “Um governo novo tem necessariamente, mesmo sendo da mesma pessoa, a obrigação de melhorar a gestão. Eu pretendo melhorar a gestão. Não vou aplicar tudo igual ao que eu venho fazendo, pretendo melhorar”, prometeu.

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Apesar de anunciar que trocará o comando da Fazenda, se vencer as eleições, Dilma disse que não vai anunciar um novo nome porque “dá azar”. Sem citar nomes, ela voltou a mencionar o que aconteceu na eleição municipal de São Paulo em 1985, quando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso posou para uma foto na cadeira de prefeito um dia antes das eleições, e acabou derrotado nas urnas pelo ex-presidente Jânio Quadros. “Não vou nunca dizer quem vai ser ministro no meu segundo mandato. Quero te dizer que eu acredito piamente que o Brasil vai entrar em uma nova fase. Temos todas as condições robustas para passar por uma nova fase”, disse.

Se por um lado a presidente falou em mudanças, ela defendeu a permanência de políticas intervencionistas, fortemente criticadas pelo mercado, como a política de indústria nacional e de conteúdo local, essa última que obriga que as empresas que produzem no país comprem um porcentual mínimo de produtos fabricados no Brasil. “É fundamental fazermos política de conteúdo nacional. Essa história de que países desenvolvidos não fazem política de indústria nacional (…) O que é o programa de compras da França?”, questionou. Dilma disse ainda acreditar que o país está mudado e que tem condições de entrar em uma “nova fase”. “Temos condição agora de diminuir agora alguns incentivos – agora outros não. Vamos continuar focados em emprego e valorização de salário . Não concordo como alguns acham que a razão da inflação é a política de valorização do salário mínimo. Estamos recuperando a queda brutal que houve no Brasil no período anterior ao Lula”, disse.

Tarifaço – Questionada sobre os ajustes de tarifas de energia e gasolina, represadas artificialmente para conter a alta da inflação, Dilma não quis dizer se haverá aumento. “Eu não falo em reajuste de gasolina nem de quanto que vai ser. Eu acho um absurdo, porque o que está por trás da proposta de ‘tarifaço’?”, disse. A presidente disse considerar legítima a demanda da Petrobras por um reajuste maior para os combustíveis, uma vez que a empresa tem acionistas e deve visar o lucro. Mas ao mesmo tempo, Dilma adotou uma fala populista, dizendo que a riqueza explorada pela empresa tem “202 milhões de acionistas”, o povo brasileiro. “É uma discussão que cabe à Petrobras e ao seu Conselho”, afirmou. A presidente disse ainda que o reajuste será feito “moderadamente” e negou que haja represamento de preços de energia elétrica. “Tudo que está previsto pela legislação está sendo repassado”, afirmou.

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