Depois de ceder o palanque da Presidência da República para grupos de camponeses alinhados com o PT incitarem nesta sexta-feira a invasão de terras de deputados favoráveis ao impeachment, a presidente Dilma Rousseff adotou um discurso conflitante com a postura dos aliados. Dilma afirmou que defende o “convívio pacífico” e “um país onde o ódio não prolifere” – no mínimo uma incoerência com o comportamento dos movimentos sociais que compõem a base social de sustentação de seu mandato. “Nós hoje precisamos nos manter vigilantes e oferecer resistência às tendências antidemocráticas e às provocações. Não defendemos qualquer processo de perseguição de autoridades porque pensam assim ou assado. Nós não defendemos a violência. Eles defendem. Eles exercem a violência, nós não”, afirmou. Não é bem assim. Outdoors espalhados em Teresina (PI) com a logomarca da Frente Brasil Popular, organizada para defender Dilma e integrada pelo MST, CONTAG e Via Campesina – os convidados do dia no Palácio do Planalto -, mostram o juiz Sérgio Moro, o deputado Eduardo Cunha, o senador Aécio Neves e ministro do Supremo Gilmar Mendes com roupas de presidiário e o símbolo da Rede Globo em chamas. A ordem no discurso oficial do Planalto é baixar o tom do confronto político – na véspera, o ministro da Comunicação Social, Edinho Silva (PT), afirmou que era preciso buscar um diálogo com a oposição para evitar “o primeiro cadáver”. Dilma disse nesta sexta que a democracia brasileira não pode ser “manchada”. (Felipe Frazão, de Brasília)
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