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Dilma a senadores: ‘Estamos a um passo de consumar um golpe’

Presidente afastada fez discurso político e atacou o governo Temer. Ela se referiu às acusações como pretextos para apeá-la do poder

Por Laryssa Borges, Felipe Frazão e Marcela Mattos
Atualizado em 29 ago 2016, 12h43 - Publicado em 29 ago 2016, 10h42

Ao apresentar sua defesa nesta segunda-feira no plenário do Senado Federal, a presidente afastada Dilma Rousseff deu mostras de que, longe há mais de 100 dias do Palácio do Planalto, segue ignorando as instituições que fazem do Brasil um Estado democrático de direito – e que chancelaram o processo que deve culminar, nesta semana, em seu afastamento definitivo. Em um discurso predominantemente político, ela se referiu novamente ao processo de impeachment como ‘golpe’ e reforçou a ideia petista de que a democracia é simbolizada apenas pelo voto popular. Sob o olhar de Lula, Dilma atacou a gestão Temer e retomou o discurso do medo com que se elegeu em 2014. Em 45 minutos de discurso, Dilma só citou o padrinho uma vez. Não houve menções ao PT”.

Ciente de que sua condenação fica cada dia mais perto, a petista afirmou: “Estamos a um passo da consumação de uma grave ruptura institucional, a um passo da consumação de um golpe de Estado”. Segundo Dilma, ainda que o processo tenha respeitado o rito constitucional, seu afastamento se deve a uma conspiração. A presidente afastada atacou ainda os inimigos de sempre: as elites e a imprensa livre.

Ao abrir seu discurso, Dilma ensaiou um mea culpa, afirmando que acolhia as críticas aos erros de seu governo. Mas não os explicitou e logo deu início às estocadas em Temer. “Tenho muitos defeitos, mas entre eles não estão a deslealdade e a covardia. Não luto por apego ao poder. Luto pela democracia, pela verdade e pela justiça. Luto pelo povo do meu país”, afirmou.

Na sequência, a presidente afastada afirmou que tem a consciência tranquila e que decidiu ir ao Senado para olhar nos olhos dos parlamentares e dizer que não cometeu crime de responsabilidade. Ela classificou as acusações como injustas e arbitrárias. “Hoje, mais uma vez, ao serem contrariados pelas urnas os interesses da elite econômica e política, nos vemos diante do risco de uma ruptura democrática. Agora a ruptura se dá por meio de pretextos constitucionais para que se preste aparência de legitimidade ao governo que assume, para que o mundo das aparências encubra o mundo dos fatos”.

Dilma, então, deu início ao discurso do medo: “Fica clara a parcialidade, a trama. As acusações são pretextos para derrubar, por meio de um processo de impeachment, um governo legítimo, de uma mulher que ousou ganhar duas eleições. São pretextos para viabilizar um golpe. Fui eleita com 54 milhões de votos para cumprir um programa. O que está em jogo aqui são as conquistas sociais dos últimos treze anos. O que está em jogo é o pré-sal, a inserção soberana de nosso país. O que está em jogo aqui é a conquista da estabilidade”. E prosseguiu: “O programa de governo vencedor não foi este agora instalado. O que pretende o governo interino é um verdadeiro ataque às conquistas dos últimos anos. O resultado será mais pobreza, mais mortalidade infantil”. Dilma também afirmou que o governo Temer é um risco aos direitos trabalhistas e às conquistas de mulheres, negros e da comunidade LGBT.

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A petista também retomou as comparações entre sua biografia e a do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a quem classificou como “vértice da aliança golpista”. “É fato que não ter me curvado à chantagem motivou o recebimento da denúncia e a abertura desse processo”. Dilma também criticou o fato de que seu julgamento se dará antes do de Cunha.

Ao encerrar seu discurso, a petista retomou seu passado de guerrilheira e afirmou que, se no passado foi torturada e temeu pela própria vida, hoje teme apenas a morte da democracia.

 

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