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Dilma-3: governo provisório começa com Lula no comando e PMDB mais forte

Com 275 dias de atraso, presidente corta 8 pastas, 3.000 cargos comissionados e adota medidas populistas para tentar frear o impeachment na Câmara

Por Laryssa Borges e Ana Clara Costa, de Brasília
2 out 2015, 11h36

Depois de dez meses de resistência, a presidente Dilma Rousseff cedeu e reformulou seu governo para tentar frear o processo de impeachment que germina na Câmara dos Deputados. A partir de segunda-feira, a máquina pública passa a ser regida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo PMDB, fiel da balança no arranjo político que pode manter a presidência em sua cadeira, ou desalojá-la.

Nesta sexta-feira, Dilma cortou oito das 39 pastas antes existentes, menos do que o esperado, e o que não lhe tira a distinção negativa de estar cercada por um dos maiores ministérios do planeta – Barack Obama administra a maior economia do mundo auxiliado por 22 secretários. O efeito positivo da desidratação ministerial deve ser o fim de 3.000 cargos comissionados em Brasília. O restante das medidas tem mais caráter populista do que reflexo significativo no Orçamento: os salários dos ministros e da própria Dilma – 30.934,70 reais – serão reduzidos em 10% e os voos em primeira classe estão suspensos.

ARTE - GOVERNOS E MINISITERIOS
ARTE – GOVERNOS E MINISITERIOS (VEJA)

No xadrez político, a operação anti-impeachment entregou sete pastas, com orçamentos robustos em ano pré-eleitoral, ao PMDB. É o maior quinhão já concedido ao partido desde que Lula assumiu o poder em 2003. O PMDB não só ganhou terreno, mas indicou dois deputados pouco conhecidos para comandar a Saúde e Ciência e Tecnologia, pastas dotadas de programas de alta capilaridade nas bases eleitorais e emendas parlamentares prontas para serem liberadas a granel. No próximo ano, uma parte significativa da bancada peemedebista deve ir às urnas tentar um mandato de prefeito ou se empenhará para eleger aliados nos rincões do país. O afago à bancada de deputados é uma tentativa sem máscara de manter ao menos dois terços dos sessenta parlamentares tutelados ante o desejo do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de fazer o impeachment correr e tirar Dilma do cargo até o final do ano.

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No caso do PT, engana-se quem pensa que o partido perdeu força. Além de despachar o desafeto Aloizio Mercadante do Palácio do Planalto – foi realocado na Educação -, Lula instalou um dos seus melhores amigos na chefia da Casa Civil, Jaques Wagner, e um nome fisiológico na nova Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini. Este último já foi presidente do PT, tem raiz no sindicalismo e interlocução com os movimentos sociais, atributos considerados cruciais por Lula num ano marcado por protestos nas ruas contra Dilma e a dilapidação da imagem do PT. Ou seja, a regência do governo ficará nas mãos de Lula.

Após 275 dias de resistência, Dilma fez o que não queria e montou um governo provisório para enfrentar os piores dias de crise política e econômica que ainda vão chegar.

Confira as mudanças no primeiro escalão presidencial
Jaques Wagner (PT) deixa Defesa e assume Casa Civil
Aldo Rebelo (PCdoB) assume Defesa e deixa Ciência e Tecnologia
Miguel Rossetto (PT) deixa Secretaria-Geral e assume Trabalho e Previdência (unificados)
Aloizio Mercadante (PT) deixa Casa Civil e volta à Educação
Nilma Lino assume Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos (fusão das secretarias correspondentes)
Ricardo Berzoini (PT) assume Governo (antiga Secretaria Geral da Presidência, formada agora por Gabinete de Segurança Institucional, Secretaria da Micro e Pequena Empresa e Secretaria de Relações Institucionais)
Helder Barbalho (PMDB) deixa Pesca e assume Portos
Ministros novos e demitidos
Marcelo Castro (PMDB) assume Saúde
Celso Pansera (PMDB) assume Ciência e Tecnologia
André Figueiredo (PDT) assume Comunicações
Renato Janine Ribeiro demitido da Educação
Arthur Chioro (PT) demitido da Saúde
Edinho Araújo (PMDB) demitido de Portos
Pepe Vargas (PT) demitido de Direitos Humanos
Guilherme Afif Domingos (PSD) deixa Micro e Pequena Empresa (anexada a Governo)
Eleonora Menicucci (PT) – perde status de ministra de Políticas para as Mulheres
General José Elito – pediu demissão do Gabinete de Segurança Institucional
Carlos Gabas – perde status de ministro da Previdência (pasta anexada ao Trabalho)
Manoel Dias (PDT) – demitido do Trabalho
Mangabeira Unger (PMDB) – pediu demissão da Secretaria de Assuntos Estratégicos (extinta)
Ministérios inalterados
Gilberto Kassab (PSD) Cidades
Joaquim Levy Fazenda
Nelson Barbosa Planejamento
Edinho Silva (PT) Comunicação Social
Mauro Vieira Itamaraty
Patrus Ananias (PT) Desenvolvimento Agrário
Kátia Abreu (PMDB) Agricultura
Eduardo Braga (PMDB) Minas e Energia
Juca Ferreira (PT) Cultura
José Eduardo Cardozo (PT) Justiça
Tereza Campello (PT) Desenvolvimento Social
Henrique Eduardo Alves (PMDB) Turismo
Armando Monteiro (PTB) Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
George Hilton (PRB) Esportes
Gilberto Occhi (PP) Integração Nacional
Antônio Carlos Rodrigues (PR) Transportes
Izabella Teixeira Meio Ambiente
Luís Inácio Adams Advocacia Geral da União
Alexandre Tombini Banco Central
Valdir Simão Controladoria Geral da União
Eliseu Padilha (PMDB) Aviação Civil
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