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‘Desmoralização’: Marcos Pereira garantia que não ia abrir mão da disputa à Câmara

Dirigente do Republicanos apresentava uma série de argumentos para fazer crer que, dessa vez, não desistir da candidatura

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 7 set 2024, 09h36

Em outubro do ano passado, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP) tiveram uma conversa franca. A dupla tratou sobre a sucessão no comando da Casa e rememorou um acordo firmado em 2020, quando o mandachuva do Republicanos desistiu de sua candidatura à Presidência para apoiar o líder alagoano. Na ocasião, ficou pactuado que, em contrapartida, Pereira seria avalizado por Lira para substitui-lo ao fim do mandato.

Ao rememorarem a dobradinha, Lira disse que Marcos Pereira teria de se viabilizar com os demais líderes, muitos já com suas preferências definidas. “Eu vou ser honesto e digo que, em termos de preferência, se você não fosse candidato e não fosse presidente do partido, o meu candidato seria o Hugo Motta”, afirmou Lira na ocasião, destacando que Motta, líder do Republicanos na Câmara, jamais se voltaria contra o dirigente de sua legenda. Pereira, então, rebateu dizendo que seria ele o candidato.

O diálogo era relatado por aliados do cacique do Republicanos para rebater as especulações, já antigas, de que Hugo Motta seria o nome indicado por Lira na disputa ao comando da Câmara.  Isso porque, na ocasião, teria ficado demonstrado que, apesar das investidas, Pereira não cederia ao seu aliado – nem Motta trairia o seu “chefe”.

Em conversa com um outro parlamentar, Pereira também ouviu exaltações a Hugo Motta e concordou com os elogios, mas ponderou que “nunca” iria abrir espaço para o deputado paraibano.

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O raciocínio era o de que o gesto representaria uma “desmoralização” para um presidente partidário e inclusive geraria cizânia na bancada, com outros deputados do partido sendo preteridos na escolha. Em recompensa, se fosse eleito, Pereira entregaria o comando do Republicanos a Hugo Motta, hoje vice-presidente da legenda.

Na última terça-feira, 3, Marcos Pereira contrariou a posição que há meses defendia e desistiu de concorrer à Presidência, abrindo espaço a Hugo Motta. Em nota, ele afirmou que ouviu o apelo de várias lideranças para que, em prol do Brasil, “buscasse uma solução consensual que unifique a Câmara”. “Decidi colocar ao presidente Arthur Lira a opção do líder Hugo Motta, para que ele seja o nome de consenso entre todas as alas políticas do plenário”, afirmou.

Pereira também apontou para uma queda de braço com Gilberto Kassab, presidente do PSD, para justificar a sua guinada. Kassab, disse, se recusou a indicar a retirada da candidatura de Antônio Brito (PSD-BA) para apoiá-lo, o que inviabilizou a chegada de um acordo com os demais partidos.

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Motta, segundo essa avaliação, teria mais condições de atingir um consenso ou sair vitorioso num confronto com os demais postulantes. Apesar da mudança, Lira ainda não oficializou o nome que vai apoiar para a sua sucessão. Além de Antônio Brito e, agora, Hugo Motta, pleiteiam a cadeira os deputados Elmar Nascimento (União-BA) e Isnaldo Bulhões (MDB-AL).

Vaga no TCU

Nos corredores do Congresso, fala-se que em retribuição à desistência, Marcos Pereira – ou um indicado dele – pode ser beneficiado com uma cadeira de ministro no Tribunal de Contas da União (TCU).

Antes, ele também negava aceitar qualquer contrapartida externa, dizendo que a sua carreira parlamentar estava em ascendência. Mas, como se vê, tudo pode mudar em Brasília.

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