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Deputado cobra de Beltrame respostas sobre as ameaças de morte que recebeu

À tarde, Marcelo Freixo esteve na Rocinha para ouvir a opinião de moradores em relação à ocupação policial

Por Cecília Ritto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 21 nov 2011, 19h54

“Os desafios sociais são do tamanho da Rocinha. O mais difícil está por vir. Estão comemorando o resultado da ocupação aos cinco minutos do primeiro tempo”, afirma Marcelo Freixo

O deputado estadual Marcelo Freixo, do PSOL, encontrou-se nesta segunda-feira com o secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, para cobrar respostas das investigações que a secretaria tem feito sobre as ameaças de milicianos dirigidas a ele. Depois de oito ameaças de morte, o deputado embarcou com a família para a Europa, onde ficou por duas semanas. Freixo voltou ao Brasil na semana passada. “Esses 15 dias serviram para colocar o debate da milícia de novo na pauta, pois o problema está longe de ser resolvido. O tempo foi importante também para garantir que haja uma investigação. Fora isso, vida que segue”, disse Freixo.

Pela manhã, a reunião com Beltrame foi positiva para o deputado. O subsecretário de Inteligência da secretaria estadual de Segurança, Fábio Galvão, também participou do encontro. Ficou acertado que Freixo teria a resposta das investigações que estão sendo feitas, mesmo que de forma informal. O deputado argumenta que são ameaças graves, que merecem ser tratadas com atenção pela segurança pública. “Não chegou para mim apenas a informação de que uma milícia da zona oeste queria me matar. Isso e nada é a mesma coisa. É uma ameaça que vem dizendo o nome da pessoa, o local onde trabalha”, explicou o parlamentar, que acrescentou: “É um conjunto de detalhes que precisa ser investigado, e sobre o qual eu preciso ser informado”, disse.

O deputado disse que Beltrame concordou com ele em alguns pontos, como a necessidade de reduzir o poder territorial e econômico das milícias. “Só prisão não resolve”, argumentou o parlamentar. No mesmo dia em que se encontrou com o secretário, Freixo foi fiscalizar outro programa de Beltrame. Ele esteve na favela da Rocinha, por onde caminhou por mais de duas horas durante a tarde. Como presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Freixo perguntou para a população da Rocinha como está sendo a ocupação policial.

Moradores e comerciantes estavam ressabiados e preferiram economizar nas respostas, com frases curtas e objetivas. Apenas um reclamou da ação da polícia e disse que homens do Batalhão de Operações Especiais (Bope) estragaram uma de suas maquetes vendidas em sua loja de artesanato. É uma postura bastante diferente da dos moradores do Complexo do Alemão que logo após a ocupação reclamaram dos abusos da polícia.

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“No Alemão, as denúncias de violação chegaram logo depois da presença da polícia. Lá houve muito relato, sobretudo, de saque no comércio”, explicou Freixo que diz ir com frequência ao conjunto de favelas. “O Alemão serviu para mostrar como a polícia não deve agir. O CEP (a Rocinha está encravada entre a Gávea e São Conrado, bairros nobres do Rio) também falou mais alto”, afirma.

O deputado chama atenção ainda para como o poder público se prepara para incorporar a população da Rocinha. Um dos pontos levantados por ele foi a demanda que a 15ª DP (Gávea) passará a receber dos moradores do morro. “E se todos registrarem queixa na 15ª DP? Que tal abrir um posto da delegacia na favela? Será feito algum projeto para mediar conflitos?”, questiona Freixo.

As perguntas fizeram sentido para o ex-presidente da associação de moradores da Rocinha e atual presidente do movimento popular de favelas, William de Oliveira, de 40 anos. “Agora as pessoas estão se conflitando uma com as outras. Os que eram oprimidos querem tomar satisfação com os opressores (que se valiam do apoio do tráfico para intimidar as pessoas)”, disse Oliveira.

Pelas ruelas da Rocinha, não é difícil perceber que a ocupação foi apenas um começo das várias mudanças pelas quais a favela tem que passar. Quase todas as localidades são insalubres, com esgoto e lixo espalhados. “Os desafios sociais são do tamanho da Rocinha. O mais difícil está por vir. Estão comemorando o resultado da ocupação aos cinco minutos do primeiro tempo”, afirmou Freixo.

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