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Deputada acusa auxiliar de Agnelo de fazer operação abafa

Chefe da Casa Militar encontra deputado petista minutos antes de parlamentar apresentar vídeo em que lobista retira denúncias contra governador

Por Gabriel Castro
Atualizado em 10 dez 2018, 11h31 - Publicado em 17 nov 2011, 21h06

A deputada Celina Leão (PSD) entregou nesta quarta-feira à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal vídeos (veja abaixo) que lançam mais uma suspeita sobre o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT). O petista foi alvo de um pedido de impeachment por envolvimento em escândalos de corrupção – uma das denúncias foi feita pelo lobista Daniel Tavares – que afirmou ter depositado 5 000 reais na conta de Agnelo a título de propina. O pedido de impeachment foi arquivado na semana passada, mas a oposição promete insistir nele. As imagens reveladas por Celina Leão, líder da oposição a Agnelo, são provenientes do circuito interno da Câmara Legislativa do DF e mostram o chefe da Casa Militar do governador, o tenente-coronel Rogério da Silva Leão, entrando no gabinete do deputado petista Chico Vigilante. Minutos depois, este mesmo deputado vai ao plenário mostrar um vídeo em que o lobista Daniel Tavares muda a versão que até então apresentava sobre a propina paga ao governador. Diz que os 5 000 reais pagos a Agnelo eram nada mais que um empréstimo. Daniel passou de acusador a aliado do governador. Para Celina Leão não restam dúvidas: o auxiliar de Agnelo Queiroz levou ao deputado o vídeo que em seguida seria apresentado em plenário, como uma mal ajambrada prova de inocência do governador. “Esse governo começa a cometer crimes para acobertar outros crimes”, afirma a parlamentar. A deputada se diz convicta de que o depoimento em vídeo de Daniel Tavares foi comprado e que integrantes do governo estão envolvidos nisso. Para completar, Chico Vigilante cometeu um sugestivo “engano”. Antes de passar o vídeo, no dia 8 de novembro, Vigilante disse que o material tinha chegado até ele por um destinatário oculto, na tarde do dia anterior, uma segunda-feira. No vídeo de Daniel Tavares, no entanto, é possível ver uma reportagem publicada em um portal da internet às 19 horas de segunda-feira. Ou seja, o vídeo teria sido entregue antes mesmo de ser gravado. A reportagem do site de VEJA assistiu a íntegra das imagens gravadas pelo circuito interno da Câmara Legislativa e constatou que ninguém entrou no gabinete de Chico Vigilante depois das 19 horas de segunda-feira. Na manhã seguinte, nenhuma movimentação atípica até que, por volta das 15h, aparece o tenente-coronel Silva Leão. Ele entra na sala sozinho, com uma sacola nas mãos, e sai depois de um rápido encontro com o deputado. Minutos depois, como se sabe, Vigilante vai ao plenário.

https://www.youtube.com/watch?v=oV0B4qqkw5Q

Proximidade – O coronel Leão é sobrinho de Arquicelso Bites Leão, petista nomeado para a subsecretaria do Entorno no governo Agnelo. Arquicelso, por sua vez, é padrinho de nascimento de Daniel Tavares, que vive na mesma cidade onde Arquicelso fez carreira política no PT e chegou a ser vereador: a goiana Valparaíso, na divisa com o Distrito Federal. Seria ele a ponte com o lobista. Como se não bastasse, há o depoimento de outra parte ligada ao governador: João Dias, o policial militar cujas acusações derrubaram o ministro do Esporte, Orlando Silva, aponta o coronel como o elo entre o governo e a tentativa de cooptação de Daniel. Dias fala até em valores: 250 000 reais. “Coronel Leão, o Daniel continua cobrando o que, segundo ele, o senhor prometeu”, escreveu João Dias em seu blog, em uma mensagem posteriormente apagada. Reação – O deputado Chico Vigilante nega que o coronel Leão seja a fonte do vídeo. Mas admite a incongruência a respeito da data e do horário em que recebeu as imagens: “Eu posso ter me enganado. Isso é natural”, diz ele. O deputado, que se recusa a informar a origem das imagens, nega ter recebido qualquer material durante o encontro que teve com o chefe da Casa Militar. “O vídeo é autêntico. Chegou às minhas mãos e não foi o coronel Leão quem trouxe”, garante o petista. Já o coronel admite ter visitado o deputado, mas diz que tratava de temas republicanos. Nada de vídeos: “De forma alguma. Isso não faz o menor sentido”, garantiu ele ao site de VEJA. Embora admita a relação pessoal de seu tio com Daniel Tavares, Leão diz nunca ter visto o acusador de Agnelo. Em nota, o governo do Distrito Federal diz que a presença do coronel na Câmara Legislativa se deu porque ele discute a reestruturação da Casa Militar. A visita foi, de acordo com a nota, “absolutamente rotineira”. O texto ataca a deputada Celina Leão: “Tenta-se, mais uma vez, estabelecer uma farsa, uma versão contaminada por uma luta política desleal. A responsável pela divulgação de mais esta farsa criminosa vai ter que responder judicialmente por tais acusações”. No início do ano passado, governador José Roberto Arruda resistia à crise deflagrada pela Operação Caixa de Pandora até ser flagrado em uma tentativa de cooptação de testemunha. No Distrito Federal, a história parece se repetir.

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