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Depois de ficar evidente protagonismo de Lula, Dilma quebra silêncio e fala com jornalistas

Presidente tenta desmontar imagem que mostra seu antecessor como articulador do governo

Por Adriana Caitano e Luciana Marques
26 Maio 2011, 17h55

A aparição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como manda-chuva do governo nos últimos dias fez efeito na autoestima de Dilma Rousseff, que decidiu quebrar o silêncio. Assim que percebeu a repercussão negativa contra sua imagem, a presidente tratou de se preparar para, pela primeira vez, falar aos jornalistas sobre os principais pontos que levaram seu mandato à crise. Nesta quinta-feira, ela parou diante de microfones e gravadores durante seis minutos, o que não fazia desde o final de abril, e tentou mostrar que ainda manda em seu próprio governo.

Dilma não tem o hábito de conversar diretamente com jornalistas. Nos primeiros cinco meses de mandato, deu somente dez coletivas de imprensa no Brasil, as duas últimas tiveram diferença de um mês. No mesmo período de 2006, seu antecessor, bem mais falastrão, reuniu repórteres e torno de si 22 duas vezes dentro do país.

Nesta quinta, quase todos os jornais do Brasil, assim como o site de Veja, destacaram a presença extra-oficial de Lula como articulador político em questões do governo que caberiam à própria presidente ou a seus ministros. O surgimento dele como bombeiro que chegou para apagar o incêndio tornou Dilma ainda mais fraca. Ela estava afastada da base aliada, sofreu uma derrota no Congresso com a aprovação de itens dos quais discordava no Código Florestal e ainda não havia defendido o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, encrencado após denúncias sobre seu enriquecimento relâmpago.

Preparação – Em uma manobra de urgência, a secretária de Comunicação Social, Helena Chagas, a ajudou a elaborar comentários sobre os principais itens que poderiam ser questionados pela imprensa. Pela manhã, após evento de distribuição de bicicletas e quadras esportivas para escolas, Dilma se desvencilhou da fila de prefeitos que queriam ser fotografados a seu lado, dizendo que precisava dar uma entrevista. Sem o púlpito que costuma ser colocado a sua frente em entrevistas coletivas, a presidente surpreendeu ao soltar o verbo.

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Dilma falou de maneira aparentemente ensaiada e não deu muito espaço para perguntas. Já chegou avisando que comentaria somente três pontos: o caso de Palocci, o impasse sobre o Código Florestal e o kit sobre homofobia que o Ministério da Educação pretendia distribuir. Ao defender o ministro da Casa Civil, a presidente garantiu que ele está dando todas as explicações para os órgãos de controle e lamentou que o tema esteja sendo politizado.

A petista disse também que não abrirá mão de combater alguns itens do Código Florestal aprovado na Câmara, como a consolidação e a anistia a desmatamentos antigos. “Eu tenho a prerrogativa do veto. Se eu julgar que qualquer coisa prejudica o país, eu vetarei”, avisou. Em seguida, criticou o chamado “kit-gay” produzido pelo MEC. “Não haverá autorização para esse tipo de política, de defesa”, salientou.

No final, Dilma deixou vir à tona a antiga ministra durona, que chamava as repórteres de “minha filha” e “minha querida” quando ficava irritada. “Minha querida, o futuro a Deus pertence”, disse nesta quinta à repórter que questionou sobre a possibilidade de prorrogação do decreto sobre crimes ambientais.

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Carinho – A distância entre Dilma e os parlamentares que apoiam seu governo no Congresso não só tem sido alvo de reclamações como tornou-se origem de ameaça de muitos insatisfeitos. Eles prometiam barrar votações de interesse do Planalto, boicotar o Código Florestal e, pior, apoiar a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar Palocci. Após conversar com o grupo, Lula aconselhou Dilma a dar “mais carinho” aos deputados e senadores.

A presidente sentiu o risco do que vinha fazendo e tratou de correr atrás do prejuízo. Pouco depois de se despedir dos repórteres, mandou Helena Chagas voltar e acrescentar um ponto que havia se esquecido de destacar: irá marcar reuniões com todos os partidos da base aliada para tratar do Código. Na próxima semana, será a vez da bancada evangélica.

A estratégia de recuperação da confiança de seus aliados começou imediatamente. Após a coletiva, Dilma almoçou com senadores do PT e os ministros da Casa Civil, Antonio Palocci, de Relações Institucionais, Luiz Sérgio, e da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Também aconselhado por Lula, Palocci aproveitou a ocasião para tentar se redimir com os parlamentares: adiantou a eles as explicações que daria à Procuradoria-Geral da República, o que lhe era cobrado há quase duas semanas. Mais uma prova de que Dilma e os seus ainda dependem de Lula para pegar no tranco.

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