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Delúbio diz que empréstimo da Schahin “remonta” à campanha de Campinas

Em depoimento, ex-tesoureiro do PT contradisse versão apresentada pelo pecuarista José Bumlai de que foi ele quem pediu o dinheiro para o caixa do partido

Por Da Redação 4 abr 2016, 13h03

O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares afirmou, em depoimento à Polícia Federal, que o empréstimo supostamente fraudulento de 12 milhões de reais contraído pelo pecuarista José Carlos Bumlai do Banco Schahin se refere à campanha das eleições municipais de Campinas (SP), em 2004. O depoimento foi prestado na última sexta-feira, quando o petista foi levado coercitivamente para a sede da PF, em São Paulo, durante a deflagração da 27ª fase da Operação Lava Jato, a Carbono 14.

Um dos trechos do depoimento anexados ao processo nesta segunda-feira diz o seguinte: “Que, perguntado se tem conhecimento das circunstâncias em que ocorreu o empréstimo de 12 milhões de reais pelo [Banco] Schahin para José Carlos Bumlai, respondeu que o que sabe sobre o assunto remonta à campanha eleitoral municipal de Campinas”.

O empréstimo é uma das principais provas levantadas pela Lava Jato de que o partido recebeu dinheiro do petrolão. À PF, o pecuarista amigo de Lula afirmou que os 12 milhões de reais era para o caixa 2 do PT e que ele nunca foi quitado. Os investigadores trabalham na linha de que o empréstimo foi pago com um contrato que a Schahin ganhou, em 2009, para operar o navio sonda Vitória 10.000 da Petrobras.

No mesmo depoimento, Bumlai relatou que os recursos haviam sido pedidos por Delúbio Soares, que teria lhe dito que “se tratava de uma questão emergencial e que o dinheiro seria devolvido rapidamente”. Na sexta, Delúbio desmentiu a informação, dizendo que “nunca tratou sobre tal empréstimo com ninguém”. Ele também afirmou que só soube da realização da operação financeira com a Schahin pela imprensa.

Na época do empréstimo, outubro de 2004, o dr. Hélio (PDT) contou com o apoio do PT para vencer as eleições de Campinas no segundo turno. À PF, o ex-tesoureiro contou que os marqueteiros do dr. Hélio o procuraram para pedir cerca de 5 milhões de reais. Delúbio teria respondido que o partido não possuía tais recursos.

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Outro trecho: “Que o declarante lhe disse que conseguiria o apoio de cerca de 70% do PT à candidatura do Dr. Hélio, mas os publicitários disseram que gostariam de um apoio financeiro, cerca de 5 milhões de reais, ocasião em que o declarante disse que o Partido não dispunha de recursos; que então os publicitários perguntaram se ele poderia ‘arranjar’ tais recursos por conta própria, ao que o declarante não opôs qualquer óbice”, diz o depoimento.

A reunião com os marqueteiros do pedetista ocorreu na sede nacional do PT, em São Paulo. Delúbio também disse que a eleição em Campinas era “importante” para o PT, pois envolvia uma disputa contra o candidato tucano Carlos Sampaio, hoje deputado federal e um dos principais defensores do impeachment. Dr. Hélio foi reeleito em 2008 e teve o mandato cassado em 2011, após ser alvo de denúncias de corrupção.

No final do depoimento, a defesa do petista se manifestou, dizendo que, na condição de tesoureiro do PT, Delúbio sempre “buscou apoio financeiro às candidaturas do PT”. “E não de aliados; que, para aliados, apenas era costurado um apoio político.” Delúbio foi condenado no processo do mensalão a seis anos e oito meses de prisão por corrupção ativa.

Além do repasse para a campanha eleitoral de Campinas, a Lava Jato identificou o envio de 6 milhões de reais do empréstimo para o empresário Ronan Maria Pinto, que teria usado o dinheiro para comprar o Diário do Grande ABC. Conforme publicou VEJA em 2012, o publicitário e operador do mensalão Marcos Valério revelou em depoimento à Procuradoria-Geral da República que Ronan estava chantageando o então secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, para não envolver seu nome e o do ex-presidente Lula na morte ainda misteriosa do prefeito de Santo André Celso Daniel.

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