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Delta usa rede de laranjas para lavar R$ 25 milhões

Relações da empresa com contraventor Carlos Cachoeira vieram à tona em investigação da PF. Diretor da Delta e Cachoeira negociavam contratos da empresa com o poder público, com pagamento de suborno a servidores

Por Da Redação
18 abr 2012, 09h28

Foco das investigações da futura CPI do Cachoeira, prestes a ser instalada no Congresso, a Delta Construções é suspeita de montar uma rede de laranjas para lavar dinheiro numa triangulação com outra construtora, a Alberto e Pantoja Construções e Transporte Ltda. As suspeitas são investigadas pela Polícia Federal no inquérito da Operação Monte Carlo e também são alvo de investigações no Ministério Público. Rede de Escândalos: A participação de Cachoeira no 1º grande escândalo da Era Lula Destino de 26,2 milhões de reais da Delta, a Alberto e Pantoja fez uma série de pagamentos a pessoas com vínculos com a empreiteira, sediada no Rio que, agora, negam que tenham recebido as quantias. Entre os destinatários há um pedreiro e um cabeleireiro. As investigações, segundo o MP, apontam para a prática de indícios de lavagem de dinheiro nas operações que movimentaram mais de 25,8 milhões de reais entre 2010 e 2011. Entre os principais destinatários do dinheiro do esquema está Pedro Batistoti Júnior, tecnólogo e ex-funcionário da Delta em Mato Grosso do Sul. Laudos da PF atestam que ele teria recebido 300 000 reais. “Se tivesse 300 000 reais eu não precisaria pedir 20 reais para comprar almoço. Não tenho nada com isso”, disse. A reportagem apurou que há um padrão no envio de recursos. Há nove anos trabalhando em um salão de beleza em Goiânia, o cabeleireiro Jefferson Dirceu Santos também aparece na lista de destinatários dos recursos. “Que? 60 000 reais? Nunca recebi nada desse valor e muito menos dessas pessoas. Só podem ter usado o meu nome.” Outros destinatários afirmaram nunca ter recebido dinheiro da Pantoja. Constam ainda na relação empresas de Mato Grosso, Tocantins, Maranhão, Minas e Pará. Em São Paulo, a Camarada Confecção Ltda., que teria recebido 303 000 reais, não foi encontrada no endereço em que está registrada no Brás. No local, funciona há mais de vinte anos uma empresa de importação de queijos e vinhos. A Pantoja está em nome de Rosely Pantoja da Silva, que declarou rendimentos de 18 400 reais mil no ano de 2009, e Carlos Alberto Lima, que não tem movimentação bancária desde 2004. “A empresa investigada não declarou imposto de renda nem recolheu tributos sobre faturamento, indicando que não houve receitas declaradas ao Fisco. Entendemos que há fortes indícios de que não possua atividades operacionais condizentes com seu cadastro”, afirma a PF. As relações da Delta com a organização criminosa comandada pelo contraventor Carlos Cachoeira vieram à tona na Operação Monte Carlo. Segundo as investigações, Cachoeira era ligado ao então diretor da Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu. Eles negociavam contratos da empresa com o poder público. Suspeita-se que subornavam servidores públicos e que tenham participado da arrecadação ilegal para campanhas eleitorais. Auditoria – A Delta Construções afirma que instalou uma auditoria no escritório regional Centro-Oeste para apurar as irregularidades apontadas pela PF e pelo MPF. Oito dias depois de a Operação Monte Carlo ser deflagrada, o Conselho de Administração da empresa decidiu afastar o diretor Cláudio Dias Abreu, ligado a Carlinhos Cachoeira. A Delta afirma que está apurando fatos, atos e ações narrados no inquérito e que acatará as indicações da auditoria. De acordo com a empresa, Abreu foi admitido em junho de 2002 e que “é um profissional de talento”. Superfaturamento em MG – Auditoria técnica do Tribunal de Contas do Estado (TCE) de Minas apontou indícios de superfaturamento em uma obra da Prefeitura de Belo Horizonte realizada pela Delta Construções, que ainda participa de outra licitação na capital mineira, já suspensa pelo tribunal também por indícios de irregularidades. Na capital mineira, a empresa venceu, junto com a Cowan, licitação para realizar intervenções no trânsito voltadas para preparar a cidade para receber jogos da Copa do Mundo de 2014. Relatório técnico do TCE apontou indício de superfaturamento de 6 milhões de reais na obra, cujo orçamento é de 154 milhões de reais. Houve sobrepreço de quase 350% em alguns itens em relação aos valores de mercado. Apenas no caso de blocos de concreto para calçamento e sustentação de estruturas, o prejuízo aos cofres públicos pode ultrapassar 2,4 milhões de reais. A prefeitura foi notificada sobre os indícios de irregularidade e tem trinta dias para se pronunciar sobre o caso. A Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) negou à reportagem irregularidades na obra e afirmou que o relatório está sob análise de técnicos. (Com Agência Estado)

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