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Delatores confirmam à PF que Braskem pagou propina

Youssef cita pagamentos de 5 milhões de dólares em troca de favorecimento na compra de nafta. Paulo Roberto Costa acusa de novo caixa paralelo para campanha de Roseana Sarney

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 22 jun 2015, 20h17

O doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa confirmaram nesta segunda-feira, em acareação na Polícia Federal em Curitiba (PR), que a Braskem, petroquímica ligada à Odebrecht, pagou de 1% a 3% em propina, em dinheiro vivo, tanto para Costa quanto para políticos filiados ao Partido Progressista (PP) entre 2006 e 2012.

Entre os parlamentares citados estão os deputados e ex-deputados Pedro Henry e Pedro Corrêa, ambos já condenados no julgamento do mensalão, Nelson Meurer, João Pizzolati, Mario Negromonte, Luiz Fernando Sobrinho, José Otávio, Arthur de Lira, Dudu da Fonte e Aguinaldo Ribeiro e os senadores Ciro Nogueira e Benedito de Lira. No esquema de pagamento de propina, o dinheiro era desembolsado para acelerar a compra de nafta, composto proveniente do petróleo utilizado como matéria-prima do setor. De acordo com a delação premiada de Alberto Youssef, em troca do favorecimento para a compra do insumo, a Braskem pagou em média 5 milhões de dólares em propina por ano.

“As versões foram coincidentes. A Braskem anualmente fazia compra de nafta, com pagamento de propina para acelerar procedimento de compra de nafta”, disse o advogado de Youssef, Tracy Reinaldet. As negociações para pagamento de propina na Braskem eram feitas, segundo os delatores, na sede da petroquímica em São Paulo ou em hotéis.

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Os acordos para acertar o valor das vantagens indevidas, também segundo depoimentos já prestados anteriormente pelos delatores, eram feitos entre o ex-deputado federal José Janene, morto em 2010, e Alexandrino de Alencar, executivo que era da Braskem e que hoje está no grupo Odebrecht. Alexandrino foi preso na 14ª fase da Operação Lava Jato. Ele é citado por delatores do petrolão como operador de propina na empreiteira e como companhia frequente do ex-presidente Lula em viagens para lobby internacional. E entre 2008 e 2012, Alencar encontrou-se diversas vezes com Rafael Angulo Lopez, auxiliar do doleiro Alberto Youssef que, além de distribuir a propina do petrolão para políticos, também fazia depósitos em contas no exterior para beneficiários do esquema criminoso.

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Em nota, a Braskem informou que reafirma que todos os contratos com a Petrobras seguiram os preceitos legais e foram aprovados de forma transparente de acordo com as regras de governança da Companhia”. “É importante lembrar que os preços praticados pela Petrobras na venda de nafta sempre estiveram atrelados às mais altas referências internacionais de todo o setor, prejudicando a competitividade da indústria petroquímica brasileira”, disse a empresa.

Maranhão – Durante o confronto de versões com Youssef, Costa manteve a acusação de que a ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney (PMDB) recebeu 2 milhões de reais propina para a campanha eleitoral de 2010. Ao contrário do que aponta o ex-diretor da Petrobras, Youssef nega que tenha intermediado o pagamento, embora não conteste o fato de ter havido a envio da vantagem indevida para a peemedebista.

Costa e Youssef foram questionados por procuradores e delegados da Polícia Federal por quase nove horas na superintendência da PF em Curitiba para esclarecer contradições nas delações premiadas de ambos. Ao final do interrogatório, porém, as versões de Paulo Roberto e Youssef continuaram conflitantes. Nos depoimentos de delação premiada, o ex-dirigente da Petrobras diz que “reuniu-se pessoalmente com Roseana em 2010 para tratar de propina”. De acordo com Paulo Roberto Costa, o pedido de propina para a campanha ao governo maranhense partiu do então ministro de Minas e Energia e atual senador Edison Lobão (PMDB).

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Indicado para a diretoria da Área Internacional da petroleira pelo Partido Progressista, Costa afirma ter retirado do habitual caixa de propina do PP na empresa a parcela enviada à ex-governadora. “O que Alberto [Youssef] contesta não é a existência da operação [de pagamento de propina], mas quem realizou a operação em si, quem efetivou a entrega do dinheiro. Paulo Roberto atribuiu a ele a entrega deste dinheiro, e Youssef diz que não foi ele quem efetivou o pagamento”, alega o advogado de defesa de Youssef. Para ele, apesar do conflito sobre quem efetivamente pagou a propina a Roseana, “a divergência mostra que não houve combinação de versões” e não compromete a validade das delações premiadas.

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