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Delator cita repasse de até R$ 1,4 milhão a empresa dos filhos de Yunes

Adir Assad diz que pagamentos à Yuny Incorporadora foram feitos em dinheiro, entre 2010 e 2011. Advogado é amigo de Michel Temer há 50 anos

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 18 jul 2018, 15h32 - Publicado em 18 jul 2018, 14h50

Em acordo de delação premiada firmado com o Ministério Público Federal (MPF), o operador financeiro Adir Assad afirmou ter repassado, entre 2010 e 2011, um montante entre 1,2 milhão de reais e 1,4 milhão de reais em dinheiro vivo à Yuny Incorporadora – empresa que tem como sócios Marcos e Marcelo Mariz de Oliveira Yunes, filhos do advogado José Yunes, amigo do presidente Michel Temer (MDB) há cinquenta anos e ex-assessor do emedebista.

Segundo o delator, um funcionário de suas empresas foi responsável por apresentá-lo a um representante da Yuny, que propôs a assinatura do contrato fraudulento que deu origem aos valores em espécie. O operador não nomeou quem seriam as pessoas que o procuraram, nem o destinatário dos valores. A delação de Assad, firmada com a força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, Rio e São Paulo, já foi homologada pela Justiça Federal.

Em março do ano passado, onze empresas ligadas à Yuny Incorporadora pagaram ao menos 1,2 milhão de reais às firmas de Adir Assad. As empresas de Marcos e Marcelo Mariz de Oliveira Yunes aparecem em 113 transações com a SM Terraplanagem e em 28 operações com a Legend Engenheiros.

A Legend e a SM, segundo o MPF, não possuíam condições para funcionar e eram emissoras de notas frias utilizadas para produzir dinheiro em espécie. Segundo os procuradores, as empresas de fachada de Assad firmavam contratos fictícios com grandes empresas. O valor das notas fiscais, descontado o porcentual cobrado pelo operador, era transformado em dinheiro em espécie e devolvido à empresa ou a operadores de propina indicados por ela, que faziam pagamentos ilícitos a políticos e agentes públicos.

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O operador financeiro teve a prisão preventiva decretada quatro vezes desde 2015. Ele foi solto por duas vezes, mas acabou novamente levado à prisão por decisão do juiz Sergio Moro, em agosto de 2016. Assad foi condenado a nove anos e dez meses de prisão por lavagem de dinheiro e associação criminosa.

José Yunes deixou o governo Temer após ter sido citado na delação de Cláudio Mello Filho, ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht. O executivo relatou um jantar no Palácio do Jaburu, em 2014, do qual participaram, além dele próprio, Michel Temer, o ministro Eliseu Padilha e o empreiteiro Marcelo Odebrecht. O encontro, segundo o delator, selou um repasse de 10 milhões de reais da empreiteira ao grupo político do presidente.

Parte do dinheiro, conforme os executivos da Odebrecht e o doleiro Lúcio Bolonha Funaro, também delator, foi entregue no escritório de Yunes em São Paulo. O advogado é ainda investigado no inquérito sobre o Decreto dos Portos e chegou a ser preso temporariamente na Operação Skala, deflagrada no fim de março. A hipótese da PF é de que ele seria um dos intermediários para recebimentos ilícitos de Temer. Os dois negam irregularidades.

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Defesas

Em nota, a Yuny Incorporadora diz que “tanto a empresa como seus representantes nunca tiveram nenhum relacionamento comercial ou pessoal” com Adir Assad. A empresa afirma ainda que, “para a implementação de seus empreendimentos, conta com a colaboração de dezenas de construtoras e mais de 3.000 fornecedores e outros prestadores de serviço terceirizados, a maior parte indicada pelos próprios contratados”.

O advogado de Assad, Pedro Bueno de Andrade, diz que, na condição de colaborador, ele tem esclarecido às autoridades todos os fatos nos quais esteve envolvido. “Esclarecimentos sobre quaisquer fatos serão prestados por ele à Justiça.”

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Procurado, José Yunes não respondeu à reportagem até o momento.

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