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Defesa de Dilma é redenção de Cardozo entre petistas

Atual advogado-geral da União era constantemente alvo de ataque de petistas, incluindo Lula, quando era ministro da Justiça

Por Da Redação
8 Maio 2016, 10h50

Quando a comissão especial do Senado aprovou relatório favorável ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, na sexta-feira, José Eduardo Martins Cardozo demonstrou abatimento. Embora a decisão já fosse esperada, o ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), que defende Dilma nas mais diferentes tribunas, não escondeu a decepção. “Eu faço essa defesa com tristeza”, admitiu Cardozo.

Aos 57 anos, Cardozo passou da condição de ministro mais criticado pela República petista – que o acusava de não controlar a Polícia Federal – a arquiteto da narrativa do “golpe” contra Dilma. A redenção ocorreu depois que, pressionado pelo PT e sob tiroteio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele entregou o cargo na Justiça.

Ex-ministro da Justiça por cinco anos e dois meses, Cardozo é hoje o mais próximo conselheiro de Dilma. Está com ela desde a campanha de 2010, quando integrou o conhecido grupo dos “três porquinhos”, ao lado de Antonio Palocci e José Eduardo Dutra – morto no ano passado -, e ainda deverá acompanhá-la por um bom tempo.

Convencida de que será afastada da Presidência por até 180 dias, em votação marcada para quarta-feira, no plenário do Senado, Dilma quer que o titular da AGU seja agora seu advogado. Cardozo pedirá licença à Comissão de Ética Pública porque, a rigor, estará de quarentena. Trata-se de um período remunerado em que auxiliares não podem exercer atividades profissionais para evitar conflito de interesses.

Na noite de 17 de abril, quando a Câmara autorizou a abertura do impeachment, Cardozo estava no Palácio da Alvorada, ao lado de Dilma. Foi um dos que viram Lula se emocionar ao perceber a queda iminente e a presidente irritada com a “cara de pau” de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afastado do comando da Câmara, 18 dias depois, por decisão unânime do Supremo Tribunal Federal.

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De repente, com os olhos ainda vermelhos, o ex-presidente chamou Cardozo para uma conversa reservada. Queria mais explicações sobre a estratégia a seguir. De crítico feroz do ministro por causa da Operação Lava Jato, Lula acabou lhe dando um crédito de confiança. “O Zé Eduardo descobriu sua vocação e agora está no lugar certo”, disse o ex-presidente. “Ele é incansável. Finalmente, está sendo reconhecido como advogado brilhante”, afirmou o ministro-chefe do Gabinete Pessoal da Presidência, Jaques Wagner.

Corredor polonês – Dois dias antes da votação do impeachment na Câmara, a caminho do plenário para defender Dilma, o ministro da AGU foi surpreendido por um “corredor polonês”, formado por um grupo de militantes. “Cardozo/guerreiro/do povo brasileiro”, gritavam os petistas. “Fiquei perplexo”, confessou o advogado-geral.

Apelidado no PT de “pelicano” – o mais tucano dos petistas -, Cardozo enfrentou grande tensão quando, em 22 de fevereiro, recebeu dez deputados de seu partido, que cobravam providências sobre a ofensiva da Lava Jato.

“Você não vê que o Lula pode ser preso?”, perguntou um deles. A reivindicação do grupo era uma só: substituir todos os superintendentes da Polícia Federal por petistas. O PMDB do vice-presidente Michel Temer também pedia a sua cabeça. Uma semana depois, Cardozo saiu. “Não aguento mais a pressão”, desabafou, à época.

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Dilma, porém, o convenceu a migrar para a AGU. “Preciso de você aqui”, insistiu ela. A presidente costuma dizer que Cardozo “se vira nos 30” e, por isso, jamais abriria mão dele. No ano passado, o ministro descobriu um câncer na tireoide, operou e logo voltou para o trabalho. Emagreceu 22 quilos com a dieta Ravenna, também feita por Dilma, mas já engordou três de nervoso.

Na terça-feira, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu a abertura de inquérito no Supremo contra Dilma, Lula e Cardozo para investigar denúncia do senador Delcídio Amaral (ex-PT-MS), que acusou o trio de tentativa de obstrução da Lava Jato.

A portas fechadas, Cardozo disse que a delação premiada do ex-líder do governo é “esquizofrênica” e contraditória. “Ora eu era omisso, ora o todo-poderoso, que interferia na Lava Jato. Chega até a ser engraçado”, afirmou.

(Com Estadão Conteúdo)

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