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Defesa de Delcídio fala em armação entre Janot e filho de Cerveró

Advogados do senador citam 'armadilha' e 'comando de cima' para que ex-diretor fechasse delação na Lava Jato

Por Da Redação
19 fev 2016, 13h30

A defesa do senador preso Delcídio do Amaral (PT-MS), ex-líder do governo Dilma Rousseff, insinuou que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, combinou com o ator Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras condenado na Lava Jato Nestor Cerveró, uma estratégia para gravar e incriminar o petista, preso em novembro de 2015. Nestor Ceveró conseguiu um acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal após a prisão de Delcídio, acusado de tentar impedir o avanço da operação e de organização criminosa.

“A gravação tinha o propósito especial de produzir prova contra o senador Delcídio do Amaral. Cuida-se, portanto, de prova ilícita e ilegal que, além de constituir conduta reprovável, o que aqui importa é que foi surpreendentemente aproveitada pelo procurador-geral da República, sem maior advertência, como se previamente já soubesse de sua confecção”, disse a defesa. “Bernardo Cerveró agiu como se estivesse sido comandado por quem, de cima, planejara toda a armadilha e, por isto, já, de antemão, compareceu ao encontro imbuído do propósito de tornar Delcídio do Amaral objeto da prova.”

Bernardo Cerveró entregou ao Ministério Público a gravação ambiental de uma conversa em que Delcídio oferece mesada de 50.000 reais para evitar a delação de Nestor Ceveró, além de ajuda para que o ex-diretor da estatal fugisse para a Espanha. Nas gravações, Delcídio também fala em conversas com ministros do Supremo, como Dias Toffoli e Gilmar Mendes, para libertar o réu. Participaram dos diálogos o advogado Edson Ribeiro e Diogo Ferreira, assessor de Delcídio.

A defesa do petista também alegou que Bernardo Cerveró direcionou a conversa “de forma muito semelhante à conduta dos policiais em gravação de conversa informal com investigados”.

Os advogados de Delcídio entregaram ao Conselho de Ética do Senado, nesta quinta-feira, um documento com 23 páginas de alegações pela improcedência da representação feita contra ele na esteira da prisão, pela Rede Sustentabilidade e pelo PPS, por quebra de decoro parlamentar.

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No texto, os advogados Gilson Dipp, Luís Henrique Machado e Raul Amaral Júnior sugeriram que Bernardo Cerveró induziu Delcício a fazer promessas com objetivo de incriminar o senador e conseguir um argumento para que o Ministério Público Federal aceitasse um acordo de colaboração premiada com o pai.

Chama a atenção na defesa a repetição do argumento de que Delcídio tinha intimidade com a família de Cerveró e teria sido ludibriado por uma pessoa de quem se considerava “amigo”. Os advogados tentam convencer os senadores que o petista não se portava como parlamentar, tampouco desempenha uma atividade pertinente ao mandato ou tentou se valer do prestígio do cargo para influenciar os rumos da Lava Jato.

Em depoimento de colaboração premiada, Nestor Cerveró declarou que era responsável por arrecadar propina para Delcídio quando ocupou cargo na BR Distribuidora e que o senador também recebeu recursos ilícitos quando foi diretor de Gás e Energia da Petrobras. Ele contou ter entregado a Delcídio 1,5 milhão de dólares como propina pelo contrato da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, na época em que dirigia o setor Interacional da petrolífera.

“Desde o primeiro momento, o interlocutor gravador tinha em mente o propósito deliberado de se valer daquela gravação para utilizá-la, futuramente, como meio de prova perante o Ministério Público Federal (…) Sua intenção não era se defender de uma eventual investida criminosa, ou até indecorosa ou antiética, mas, sim, provocar o interlocutor a pronunciar declarações comprometedoras, mediante falsa representação da realidade, para, mais tarde, utilizar-se da gravação como trunfo, a fim de entabular o acordo de colaboração de seu pai, Nestor Cerveró (…) Tudo isso, vale dizer, usando da proximidade de longa data com o senador Delcídio do Amaral, e este fato de extremo relevo não pode escapar da análise dos membros desse Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Valendo-se de sua própria autoincriminação, gravada de forma sub-reptícia e dissimulada, tentando esconder que provocou esse encontro para, de forma sorrateira, retirar o Senador Delcídio de sua atividade regular de parlamentar e, usando de sua proximidade, induzi-lo à formulação das promessas que serviriam ao fim de incriminá-lo, porque somente assim o MPF, que não parecia tão distante desse fato, aceitaria a colaboração de Nestor Cerveró.”

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