Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Damares critica antecessores e quer agilizar Comissão de Anistia

Segundo a ministra, foi autorizado o pagamento de mais de R$ 10 bilhões em indenizações a pessoas que sofreram perseguição política na ditadura

Por Agência Brasil Atualizado em 22 Maio 2019, 18h44 - Publicado em 22 Maio 2019, 16h32

A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, disse nesta quarta-feira, 22, que a Comissão de Anistia, criada para analisar os pedidos de reparação apresentados por pessoas que sofreram perseguição política durante a ditadura militar, já autorizou o pagamento de mais de 10 bilhões de reais em indenizações. Segundo ela, outros 14 bilhões de reais estão na iminência de serem liberados, a depender de decisões judiciais.

Damares defendeu o trabalho da comissão, transferida no atual governo do Ministério da Justiça para a pasta comandada por ela. “Anistiado não é bandido, não é corrupto. Temos que respeitar os anistiados”, disse a ministra, ao participar, pela manhã, de audiência pública da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, da Câmara dos Deputados.

Promulgada em 1979, a Lei da Anistia Política possibilitou o retorno dos exilados políticos ao país, o restabelecimento dos direitos políticos e a volta ao serviço de militares e funcionários da administração pública, excluídos de suas funções durante o regime militar. Em 2002, uma nova lei foi promulgada, ampliando os direitos dos anistiados. As regras valem para pessoas que, no período de 18 de setembro de 1946 a 5 de outubro de 1988, foram punidas e impedidas de exercer atividades políticas. Além de outros direitos e benefícios, os anistiados passaram a fazer jus ao recebimento de indenizações, em prestação única ou mensal. Os valores das reparações variam conforme o caso.

Segundo a ministra, a maior fatia dos 14 bilhões de reais relativos a requerimentos já deferidos diz respeito ao pleito de quase 3.000 ex-militares da Aeronáutica, demitidos por força da Portaria 1.104, publicada pelo em 1964, sob a justificativa de excesso de contingente. Após 1985, eles foram politicamente anistiados. Há alguns anos, a Comissão de Anistia considerou que esses ex-cabos foram prejudicados por uma medida de exceção e autorizou o pagamento de indenizações como forma de reparar o grupo.

Continua após a publicidade

Indícios de irregularidades

De acordo com Damares, o caso está sob análise da Controladoria-Geral da União (CGU), por indícios de irregularidades nos pedidos de indenização. “Esta é uma situação delicada. São ex-cabos da Força Aérea Brasileira [FAB] que receberam indenizações milionárias”, disse ela. “Temos ex-cabos que receberão a indenização que tinham 2 anos de idade na época”, destacou Damares, argumentando que o pagamento das indenizações milionárias afetaria o planejamento orçamentário do Ministério da Defesa, órgão responsável por pagar a reparação caso a anistia seja mantida.

Atualmente, a Comissão de Anistia é composta de 29 conselheiros, incluindo representantes da sociedade e das famílias de pessoas desaparecidas durante o regime militar. Nomeados pela própria ministra, que diz ter levado em conta critérios técnicos para a escolha, os conselheiros avaliam os pedidos de anistia. Segundo Damares, há 11.000 requerimentos de anistia pendentes de julgamento na comissão – que, desde que foi criada, já apreciou 67.000 pedidos.

A ministra fez críticas à forma como os trabalhos vinham sendo conduzidos em gestões passadas. Além de criticar os gastos e tempo dispendido com a publicação de livros, realização de concursos e construção de um memorial que já consumiu milhões de reais e não só não foi concluído, como suscitou suspeitas de desvio e mau uso de recursos públicos (tendo, inclusive, sido alvo de uma operação da Polícia Federal), a ministra reclamou do passivo herdado.

“Eis minha indignação. Uma comissão formada em 2002 deixou para mim 11.000 requerimentos para analisar. Requerimentos que foram protocolados em 2009, em 2010”, queixou-se a ministra, prometendo agilizar as análises. “Há velhinhos morrendo e os requerimentos estão lá, pendentes. São velhinhos de bengala que estão aguardando há nove, dez anos, a análise do requerimento. Foi uma falta de respeito. Esta comissão já era para ter acabado”, acrescentou a ministra.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.