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Da novela das oito a Ruy Barbosa: o sarau do mensalão

Com canções de Chico Buarque e “Avenida Brasil”, a cantilena dos advogados dos mensaleiros na 1ª semana de julgamento

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 10 ago 2012, 15h16

Aproveitando que o “ministro-poeta” Carlos Ayres Britto ocupa a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), advogados de réus no processo do mensalão abusaram das mais variadas referências ao expor, na primeira semana concedida à defesa, teses jurídicas para tentar desconstruir o que foi classificado como “o mais atrevido” escândalo de corrupção do país.

A cantilena incluiu citações a intelectuais, poesia, música e até a novela “Avenida Brasil”, da Rede Globo. O objetivo foi o mesmo: argumentar que quem mandava na verdade não mandava tanto assim, quem sacou a propina apenas cumpriu ordens e quem recebeu dinheiro não sabia do que se tratava.

O rosário de referências foi inaugurado pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, responsável pela acusação dos réus. De pronto, ele sacou uma tese do pensador Norberto Bobbio: “Não se justifica o injustificável”. Por cinco horas, levou uma enxurrada de argumentos que comprovam a existência do esquema de suborno a parlamentares, lembrou o imortal brasileiro Raymundo Faoro e sociólogos como Max Weber, mas acabou resumindo tudo em versos de Chico Buarque. “Dormia a nossa pátria mãe tão distraída, sem perceber que era subtraída em tenebrosas transações”, recitou.

Como era de se esperar, Ruy Barbosa, o patrono do Direito, foi o mais reverenciado pelos defensores – do ex-ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, à fala menos performática de Antônio Sérgio Pitombo, advogado de Enivaldo Quadrado. Já o advogado Paulo Sérgio Abreu e Silva, por exemplo, cogitou chamar sua cliente de “baranga” na tribuna, mas depois achou a palavra que, para ele, seria de mais serventia. “Geiza era uma funcionária mequetrefe, uma batedeira de cheque”, disse ao afirmar que a ex-subordinada de Marcos Valério era uma funcionária de segundo escalão e que, portanto, não tinha conhecimento do esquema de corrupção.

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Como o Supremo reservou uma hora para cada advogado expor seus argumentos, também houve quem achasse por bem recorrer à poesia mística. “Vejo uma pinta negra nas asas da sétima pomba. Hoje, naquele vale, o povo fala de sete pombas negras que levantaram voo rumo aos cumes da montanha nevada”, filosofou o advogado Marcelo Leal citando o poeta Gibran Khalil Gibran para tentar afirmar que o ex-deputado Pedro Corrêa não poderia ser classificado como criminoso apenas por ser réu no mensalão.

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