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Cúpula da Engevix não investigou corrupção ‘para não ampliar stress’

Conselheiro da construtora afirmou em depoimento que nenhuma auditoria interna foi aberta para apurar os esquemas desvendados pela Lava Jato

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 25 fev 2015, 19h04

O engenheiro Luiz Cruz Schneider, conselheiro da construtora Engevix por oito anos, disse nesta quarta-feira que o Conselho de Administração da empreiteira não abriu auditoria interna para investigar as revelações da Operação Lava Jato porque não pretendia ampliar o “stress” dentro da companhia. A Engevix é uma das empresas apontadas pelo Ministério Público como participante do cartel de empreiteiras que fraudavam contratos com a Petrobras e distribuíam propina a agentes públicos e políticos – o chamado Clube do Bilhão. Diversos dirigentes da construtora, incluindo o vice-presidente Gerson de Mello Almada, foram presos durante as investigações.

“Primeiro, houve enorme surpresa [com a Operação Lava Jato]. Os sócios José Antunes Sobrinho e Cristiano Kok revelaram [que havia a investigação] e disseram que havia operação de buscar documentos e acusações contra o Gerson [Almada, vice-presidente]. Não foi solicitada uma auditoria interna para apurar as denúncias. Não tinha como ampliar o stress já existente”, disse.

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Schneider foi a primeira testemunha de defesa a prestar depoimento nos processos envolvendo as empreiteiras citadas no escândalo do petrolão e apresentou teses favoráveis aos executivos da Engevix, como a declaração de que a empresa teve prejuízo de 340 milhões de reais com a refinaria Abreu e Lima. Também disse que é frequente a contestação dos vencedores de licitações na Petrobras.

Ele também afirmou que a empresa, ao contrário de gigantes como a Camargo Correa ou a OAS, não tinha a mesma capilaridade de mercado que as concorrentes. As declarações devem ser usadas pela defesa dos executivos da construtora para tentar amenizar as acusações de que a Engevix era integrante do Clube do Bilhão, de que pagou propina e de que fraudava recursos em licitações para simular uma concorrência inexistente entre as empresas.

“As exigências [para disputar obras] são muito grandes e há concorrência. Sou testemunha da busca de otimização para [a Engevix] ganhar da empresa A ou da empresa C”, disse ele após advogados de defesa o induzirem a falar se o mercado das empreiteiras era ou não “fechado”. “A participação da Engevix no mercado de empreiteiras não chega a 5%, incluindo o setor elétrico, rodovias. A Engevix é menor, não é do time A [das empreiteiras]”, completou o depoente.

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Extorsão – Em resposta à acusação, o vice-presidente da Engevix Gerson de Mello Almada, preso na sétima fase da Lava Jato, apresentou à Justiça Federal do Paraná a tese de que foi extorquido pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e disse que só pagou propina em contratos com a estatal porque o então dirigente “exigia” o desembolso dos recursos e “ameaçava” os empresários. “O que ele [Paulo Roberto Costa] fazia era ameaçar, um a um, os empresários, com o poder econômico da Petrobras. Prometia causar prejuízos no curso de contratos. Dizia que levaria à falência quem contrastasse seu poder, sinônimo da simbiose do poder econômico da mega empresa com o poder político do governo”, relatou a defesa.

Para Almada, a Petrobras não pode ser considerada “vítima” do esquema criminoso. Seria, segundo o executivo, uma engrenagem do petrolão, já que teria sido utilizada como forma de arrecadar dinheiro para a distribuição de propina e para a engorda de caixas de partidos políticos.

“O pragmatismo nas relações políticas chegou a tal dimensão que o apoio no Congresso Nacional passou a depender da distribuição de recursos a parlamentares. O custo alto das campanhas eleitorais levou, também, à arrecadação desenfreada de dinheiro para as tesourarias dos partidos políticos. Não por coincidência, a antes lucrativa sociedade por ações, Petrobras, foi escolhida para geração desses montantes necessários à compra da base aliada do governo e aos cofres das agremiações partidárias”, afirmou.

A defesa insinuou ainda que a decisão de colocar a petrolífera como “vítima” de um esquema criminoso serviria para preservar a estatal, que tem capital aberto e está listada em Bolsa de Valores.

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