Representante da Davati relata à CPI insistência de Dias por contrato
Cristiano Carvalho afirmou que ficou 'incrédulo' que um funcionário do ministério estava atrás dele
A CPI da Pandemia recebeu nesta quinta-feira, 15, o representante da empresa Davati Medical Supply no Brasil, Cristiano Carvalho. O depoimento deverá tratar de investigações sobre o suposto pedido de propina do Ministério da Saúde para compra de vacinas contra a Covid-19.
O depoimento
Questionado pelo relator da CPI, Renan Calheiros, se a Davati tem escritório no Brasil, Cristiano Carvalho disse que não. Segundo ele, a empresa “só tem operação física nos Estados Unidos”. O representante informou que não possui vínculo empregatício ou contrato com a empresa norte-americana e sua atuação no caso foi “somente como vendedor”
Após ser exibido um vídeo no qual Dominguetti afirma à CPI que Cristiano solicitou sua inclusão na proposta com o Ministério da Saúde, o depoente disse que as declarações são “fantasiosas”. O policial militar havia dito que Cristiano era o CEO da Davati no Brasil, o que também foi negado pelo depoente.
Sobre sua relação com Dominguetti, Cristiano afirmou que o conheceu em janeiro de 2021, mas só só entrou em contato em 10 de fevereiro. Disse que “sempre foi incrédulo” com relação às vacinas, mas deu atenção quando chegaram até ele “contatos oficiais do Ministério da Saúde”. O representante da Davati confirmou que foi procurado pelo policial militar.
Cristiano negou que tenha tido relação comercial com o Ministério da Saúde e salientou que a primeira vez que esteve na pasta foi em 12 de março após “insistência e traços de veracidade” de que havia demanda do governo brasileiro. O depoente confirmou que esteve no ministério com o reverendo Amilton Gomes de Paula, Dominguetti, coronel Helcio Bruno, do instituto Força Brasil, coronel Boechat, coronel Pires e coronel Elcio Franco, ex-secretário da Saúde.
Perguntado sobre o suposto pedido de propina feito por funcionários do Ministério da Saúde, Cristiano afirmou que Dominguetti usou a palavra “comissionamento”, que seria do grupo do coronel Blanco e Odilon. Segundo o depoente, o nome do ex-diretor de Logística Roberto Dias não foi citado naquele momento pelo policial militar. Segundo o representante da Davati, contudo, Dias o procurou no início de fevereiro. O depoente afirmou que ficou “incrédulo” que um funcionário do ministério estava atrás dele.
Carvalho, então, mostrou várias mensagens atribuídas ao ex-diretor de Logística da Saúde e relatou insistência de Dias em buscar contato. Alguns senadores ironizaram e disseram que a postura é o oposto do que fez o governo com a Pfizer, que esperou meses por resposta. Depois do pedido de “comissionamento”, quem passou a tratar com ele foi o coronel Blanco.
Investigação sobre propina
Segundo relato do policial militar Luiz Paulo Dominguetti, que também se apresenta como representante da Davati, o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias teria condicionado fazer negócio com a Davati em troca de propinas no valor de 1 dólar por dose.
Inicialmente a proposta da Davati seria vender 400 milhões de vacinas da AstraZeneca contra a Covid-19 por 3,50 dólares, mas o preço acabou inflado para 15,50 dólares, devido aos “bastidores asquerosos e tenebrosos” de Roberto Dias, segundo relato de Dominghetti
À CPI, o policial acrescentou que parlamentares procuraram Cristiano Carvalho nessas intermediações. O PM afirmou aos senadores que relatou as propostas de propina a Carvalho e que não foi dado prosseguimento à negociação com o ministério.
(Com Agência Senado)