Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Congresso quer prorrogar auxílio emergencial, mas impacto fiscal preocupa

Com a pandemia longe do fim, parlamentares defendem extensão do benefício de R$ 600; ideia do ministro Paulo Guedes de reduzir para R$ 200 enfrenta rejeição

Por André Siqueira Atualizado em 26 Maio 2020, 20h55 - Publicado em 26 Maio 2020, 20h54

Na esteira da crise causada pela pandemia do novo coronavírus, deputados e senadores discutem a prorrogação do auxílio emergencial de 600 reais, pago a trabalhadores informais, autônomos e inscritos no Cadastro Único desde o dia 9 de abril. Entre os parlamentares, há consenso de que o pagamento do benefício deverá ser mantido e que os moldes do acordo precisarão ser aprovados pela equipe do ministro Paulo Guedes.

No Senado, há, no mínimo, cinco projetos de leis protocolados sobre este assunto. O mais recente é da senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), líder do partido na Casa. O texto propõe prorrogar o pagamento do “coronavoucher”, como ficou conhecido o auxílio, por mais três meses, com o valor fixado em 600 reais. “À medida que o auxílio emergencial que aprovamos neste Congresso chega à sua segunda parcela, fica claro que a pandemia da Covid-19 infelizmente não arrefecerá tão rápido. É preciso garantir a extensão do auxílio emergencial por mais 3 meses, e pelo mesmo valor de R$ 600,00. Esta não é uma questão meramente econômica, mas um imperativo de saúde pública: só pode fazer isolamento quem tem suas necessidades atendidas”, diz o projeto.

Outras iniciativas são dos senadores Jean Paul Prates (PT-RN) e Kátia Abreu (PDT-TO) – os dois projetos visam estender o pagamento até dezembro deste ano, quando o decreto de calamidade pública perderá a validade.

Na Câmara dos Deputados, o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), delegou a alguns deputados a missão de estudar a viabilidade financeira da manutenção do coronavoucher. “Não podemos esquecer que o auxílio emergencial é fundamental. Se a crise continuar, ele vai ser tão importante quanto está sendo agora. Mas de onde nós vamos conseguir tirar dinheiro?”, disse Maia na quinta-feira 21.

Continua após a publicidade

Parlamentares ouvidos por VEJA pregam cautela na discussão sobre a prorrogação do auxílio e admitem que o debate ainda está em “fase prematura”. Embora defendam que o pagamento continue sendo feito pelo governo federal, lembram que o impacto fiscal da medida é de cerca de 150 bilhões de reais para os três meses inicialmente previstos.

“Me parece óbvio que é uma necessidade do governo prorrogar o auxílio emergencial. A questão é de natureza fiscal. O governo vai gastar cerca de 150 bilhões de reais com os três meses. Se falarmos em mais três meses a 600 reais, temos um valor que compromete significativamente o equilíbrio fiscal do país. Para fazer isso [manter o coronavoucher nos moldes atuais], o governo precisa economizar em outras contas e avaliar medidas de gerar dinheiro novo: vender parte das reservas cambiais, emitir moeda ou emitir título. Sem dinheiro novo, o governo não conseguirá cumprir o objetivo de prorrogar”, disse a VEJA o deputado federal Marcelo Ramos (PL-AM), vice-líder do partido na Câmara.

Ramos é contra a proposta do ministro Paulo Guedes de prorrogar o benefício, mas com a redução para 200 reais. “Qual é o problema dessa proposta? O auxílio emergencial tem o efeito social para quem recebe, mas tem um efeito muito importante para a economia. A economia respira pelo consumo, respira por aparelhos. O aparelho é o consumo. Os 600 reais são consumo na veia, é dinheiro que não tem poupança. Ele entra na conta e no dia seguinte está no mercado, na conta de água, na conta de luz”, avalia.

Continua após a publicidade

Líder do DEM na Câmara, o deputado federal Efraim Filho (DEM-PB) defende a prorrogação mensal do coronavoucher. Na avaliação do parlamentar, esta é uma forma de manter o amparo aos informais e autônomos com um impacto fiscal menor. “Particularmente acredito que a melhor proposta é prorrogar o benefício mês a mês. Teríamos, assim, a condição de fazer a avaliação da nossa curva. Aos invés de haver uma prorrogação para mais três meses, ter o gatilho que permite a avaliação a cada 30 dias é uma alternativa para evitar o desperdício de recursos. Dá mais trabalho, certamente, mas é uma forma de evitar que recursos sejam desperdiçados”, afirmou a VEJA.

Para o líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes (MDB-TO), o equilíbrio entre impacto fiscal e amparo aos setores mais vulneráveis deve ser mantido na negociação sobre a prorrogação do pagamento do coronavoucher. “Evidentemente, esse é um assunto que precisa da discussão tripartite entre o presidente Bolsonaro, o senador Davi Alcolumbre [presidente do Senado] e Rodrigo Maia [presidente da Câmara]. Sabemos que este é um assunto que tem uma carga política forte, muita gente querendo adquirir um protagonismo que não cabe. Este não é um assunto que admite este tipo de conduta. Até porque, o dinheiro é do governo federal”, disse a VEJA. “Existe, sim, o sentimento de necessidade de se amparar a população, mas não há, por ora, uma dimensão séria, um cálculo sério sobre isso, não”, resume.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.