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Com decisões anuladas pelo STF, a CPI da Pandemia patina na reta final

Comissão do Senado precisa ter cuidado para não produzir um relatório inócuo

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 31 ago 2021, 11h23 - Publicado em 28 ago 2021, 08h00

A sempre concorrida sala de depoimentos da CPI da Pandemia no Senado estava visivelmente esvaziada na terça-feira 24, data da oitiva do executivo Emanuel Catori, diretor-­presidente de uma empresa paranaense que atuava como intermediária na compra de vacinas da fabricante chinesa CanSino. Depois de quatro meses de trabalhos, os parlamentares preferiram prestigiar a sabatina do procurador-geral da República, Augus­to Aras, realizada no mesmo horário em uma sala próxima. O relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-­AL), a quem incumbe elaborar a peça final que elencará as descobertas, também tinha outros planos. Ele passou a maior parte da audiência debruçado sobre uma pilha de documentos, fazendo anotações e definindo a estratégia do que, para ele, deve ser o sprint final dos trabalhos.

Faltando poucas semanas para o encerramento da comissão, Calheiros deu ordens para que os últimos esforços de sua equipe sejam concentrados em três frentes de investigação que, segundo ele, podem respingar no senador Flávio Bolsonaro: as apurações que o Supremo Tribunal Federal (STF) conduz contra fake news, a atuação da VTCLog, empresa de logística terceirizada pelo governo para a distribuição de vacinas e que teria dirigentes ligados a amigos de Flávio, e a que considera ser a mais promissora delas, a possível interferência do filho do presidente no dia a dia de hospitais federais no Rio de Janeiro. O próprio Calheiros, porém, mantém certa reserva em relação à eficácia das investidas, quando confidencia que essa será uma tacada final contra o desafeto.

Nos últimos dois meses, a tentativa da CPI em desvendar casos de corrupção no governo não foi bem-sucedida, embora tenha resultado num enorme desgaste na imagem do governo e do próprio presidente da República. A perspectiva de encontrar uma bala de prata capaz de abater Bolsonaro foi discutida pela primeira vez no gabinete do presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), no fim de junho, às vésperas do recesso parlamentar. Naquela ocasião, os senadores haviam ouvido reservadamente do deputado Luis Miranda (DEM-DF) que o presidente fora informado sobre o favorecimento a empresas e possível sobrepreço na compra de vacinas. “Pegamos o governo. Ele vai desmoronar. As outras coisas vão virar titica de galinha”, comemorou Aziz. O caso Covaxin, a que Miranda se referiu, se desdobrou em dezenas de depoimentos, quebras de sigilo fiscal e telefônico de suspeitos e até na prisão de um ex-diretor do Ministério da Saúde.

O problema é que muitas testemunhas, colocadas na condição de investigadas, obtiveram decisões no Supremo Tribunal Federal para permanecer em silêncio. A Corte também considerou abusivas e sem fundamentação legal várias quebras de sigilo que foram aprovadas e ainda revogou a prisão do ex-funcionário da Saúde. “Para muitos dos senadores parecia que seria só apertar dois botões e teríamos a identificação de para onde foi o dinheiro da propina”, disse a VEJA o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE). Para Simone Tebet (MDB-­MS), os parlamentares perderam tempo precioso. Nos últimos dias, uma tensa reunião dos membros da CPI evidenciou o desgaste, após o STF ter cobrado explicações sobre o vazamento de informações confidenciais. O esforço de alguns parlamentares agora é para encerrar os trabalhos o mais breve possível, preservando as importantes descobertas feitas no início das investigações, quando foi exposta uma incontestável e impressionante série de erros e omissões do governo no combate à pandemia.

Publicado em VEJA de 1 de setembro de 2021, edição nº 2753

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