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Collor ataca Janot. Mas o verdadeiro alvo é a Lava Jato

Senador alagoano tentou intimidar o responsável pelas acusações da Lava Jato com uma série de insinuações, inclusive sobre um irmão morto há cinco anos. Mas terminou levando um sermão: 'Todos são iguais perante a lei'

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 26 ago 2015, 14h04

Como esperado, o senador Fernando Collor (PTB-AL) chegou à sabatina do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, com um calhamaço de perguntas e insinuações para tentar colocar seu inimigo número um contra as cordas. Afirmou que o chefe do Ministério Público Federal contratou uma empresa sem licitação e que advogou contra os interesses da União em um caso envolvendo a Braskem – subsidiária da Petrobras. Apontou o irmão de Janot, morto há cinco anos, como um contraventor. E acusou o procurador-geral da República de vazar dados sigilosos da Operação Lava Jato. Esse, aliás, sempre foi o verdadeiro alvo de Collor: tentar anular as investigações que levaram o MP a denunciá-lo formalmente por lavagem de dinheiro e corrupção.

O embate foi marcado por ironias e tentativas de intimidação por parte do senador alagoano, que nem sequer é membro da Comissão de Constituição e Justiça, mas chegou cedo e sentou-se na primeira fileira. Houve um breve bate-boca quando Janot – que Collor insiste em chamar de “Janó” – começou a responder os questionamentos e foi interrompido pelo alagoano.

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Um dos questionamentos apresentados por Collor foi sobre a atuação de Rodrigo Janot em um processo no Superior Tribunal de Justiça (STJ) no qual ele teria atuado contra a Braskem, subsidiária da Petrobras. Como representante do MP, ele teria advogado contra os interesses do Estado. Em sua resposta, Janot disse que a Braskem comprou a empresa Trikem, parte na ação citada por Collor, depois do trânsito em julgado da causa, ou seja, quando o processo já estava completamente julgado e sem possibilidade de recursos.

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Na versão de Collor, o procurador-geral também teria cometido irregularidades na contratação da empresa Oficina da Palavra, cujo proprietário teria feito campanha para Janot liderar a lista tríplice de indicações ao cargo de procurador-geral há dois anos. Outra irregularidade, negada por Janot, teria sido o aluguel, no valor de 67.000 reais mensais, de uma casa em um bairro nobre de Brasília para atender à Procuradoria Geral da República. Collor ainda acusou o procurador de nomear para o cargo em comissão de assessora-chefe do cerimonial uma pessoa sem diploma de nível superior, o que violaria normas internas do MP.

Mas o momento mais tenso foi quando o senador acusou Janot de ter abrigado o irmão, segundo ele um contraventor, em sua casa em Angra dos Reis (RJ). Rogério Janot teria sonegado, segundo o parlamentar, milhões de francos belgas em impostos e acabou procurado pela Interpol. Sem entrar em detalhes sobre a culpa ou inocência do irmão, Rodrigo Janot negou ter interferido para beneficiar o parente. “Não vou me referir [ao episódio] em respeito aos mortos e não participarei de exumação pública de um homem que nem sequer pode se defender”, afirmou. “Enquanto membro do Ministério Público Federal, tenho impedimento legal de atuar em casos de parentes consanguíneos até o terceiro grau. Se tivesse tido atuação, o tiraria da difusão vermelha”, completou.

Depois de rebater as perguntas, Janot terminou numa tréplica em defesa da Lava Jato. “Não há futuro viável se condescendermos agora com a corrupção. Não há país possível sem respeito à lei. O que tem sido chamado de espetacularização da Operação Lava Jato nada mais é que a aplicação de fundamental princípio da República: ‘Todos são iguais perante a lei’. Como disse, ‘pau que bate em Chico, bate também em Francisco'”, disse Janot. “Nego que seja vazador contumaz [de investigações]. Não tenho atuação midiática.”

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