Cobiça por Ministério do Trabalho divide PDT
Senadores do partido insinuam que deputados da legenda chantageiam governo por nomeação de pedetista para o Trabalho
Enquanto PMDB e PR causam dor de cabeça ao governo, o PDT se consome em uma disputa interna em torno da volta do partido ao comando do Ministério do Trabalho. Este é o resumo da história: os senadores do PDT não gostam da forma como os deputados do partido tentam pressionar o governo pela escolha de um dos integrantes da lista tríplice apresentada pela bancada, formada por Brizola Neto, Vieira da Cunha e Manoel Dias. No Senado, os pedetistas dizem ser adeptos do apoio incondicional, independentemente de cargos. E insinuam que os deputados tentam chantagear o Planalto.
Nesta quinta-feira, o líder do partido no Senado, Acir Gurgacz (RO), subiu à tribuna para marcar posição sobre o tema: “Nós queremos continuar apoiando todas aquelas ações importantes que a nossa presidente tem feito. Mas queremos deixar claro que, para isso, nós não precisamos estar em ministério”. Pedro Taques (PDT-MT) apoiou e criticou diretamente os deputados por negociar em nome do partido: “Eu não vejo e não dou essa legitimidade a quem quer que seja”, disse. Taques fez um apelo por “um PDT que não faz chantagens, que não coage a presidente da República”.
Nesta quarta-feira, caciques do PDT divulgaram uma nota para esfriar os ânimos. O texto garante que o partido não está exigindo cargo algum e diz que a eventual nomeação do novo ministro do Trabalho pedetista se dará por escolha da presidente Dilma. “Qualquer eventual convite para a participação do PDT no governo da presidente Dilma se dará pela via institucional das instâncias partidárias, não havendo veto a qualquer companheiro ou companheira”, diz a nota.
O texto é assinado por Carlos Lupi, presidente da legenda, Manoel Dias, secretário-geral do partido, André Dias, líder do PDT na Câmara, e por Acir Gurgacz. A publicação foi feita depois de o site de VEJA ter mostrado como Lupi se opunha ao nome preferido de Dilma, o do deputado Brizola Neto. O PDT está fora do Ministério do Trabalho desde dezembro, quando Carlos Lupi sucumbiu a uma série de denúncias de corrupção. Quem comanda a pasta atualmente é o interino Paulo Roberto Santos Pinto. A expectativa é de que a presidente Dilma anuncie seu novo escolhido nos próximos dias.