Ciro diz que ainda não pensa em apoio a Haddad: ‘Nem a pau, Juvenal’
Ao comentar declarações do ex-prefeito sobre segundo turno, candidato do PDT disse que 'a petezada costuma cultivar uma certa arrogância'
O candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT) afirmou nesta quarta-feira que ainda não pensa em um apoio a Fernando Haddad (PT) em um eventual segundo turno das eleições. “Nem a pau, Juvenal”, disse Ciro, durante entrevista ao portal G1 e à rádio CBN, ao comentar a declaração do petista de que conta com o apoio do candidato do PDT depois do primeiro turno.
“Eu não cedo a instituto de pesquisa a minha responsabilidade com o país”, afirmou Ciro. “[Haddad] está se precipitando como uma demonstração a mais de inexperiência.” O presidenciável afirmou ainda que “a petezada costuma cultivar uma certa arrogância”.
Além de não garantir o seu apoio ao petista no futuro, Ciro comparou Haddad à ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que também foi escolhida por Luiz Inácio Lula da Silva para suceder-lhe na Presidência.
“Nas antecedências do impeachment, uma crise tremenda revelou a inexperiência da Dilma. Uma pessoa honrada, mas sem experiência, sem maturidade política, sem conhecer o ramo, sem treinamento, sem conhecer as complexidades das manhas políticas. Ela foi eleita em cima da popularidade do Lula e, na hora da crise, inacreditavelmente, nomeou o Lula ministro”, afirmou.
Segundo o candidato do PDT, Haddad repetiria essas condições. “O país não suporta mais um presidente fraco, que não tenha autoridade, que tenha que consultar seu mentor. Não foi assim com a Dilma?”, questionou.
Ciro afirmou que o ex-prefeito de São Paulo aceitou desempenhar, como candidato do PT, um papel que considera que o “diminua profundamente”. “Esse papel foi oferecido a mim. O Lula, via Dilma, via Roberto Requião [senador do MDB-PR], via Gleisi [Hoffmann, senadora e presidente do PT], me cercou por todos os lados para aceitar ser um vice dele de araque. Eu sempre falei que [a candidatura de Lula] era uma enganação do PT, porque não deixariam ele ser candidato. Se eu aceitasse, seria sucessor dele”, disse.
O ex-governador do Ceará disse ainda que o fato de ter mais experiência política o faz diferente do petista. “Eu tenho uma história de vida política de êxito. Todas as eleições que eu disputei no lugar que me conhece eu ganhei todas, por mim e pelos meus aliados. A única eleição que o Haddad disputou indicado pelo Lula foi a de prefeito de São Paulo e na reeleição ele perdeu em primeiro turno para um farsante como o João Doria. E perdeu para os votos nulos e brancos”, afirmou.
Ele ainda citou dados de aprovação de governo. “Eu fui o governador mais bem-avaliado do país, saí com 74% de aprovação, o Haddad saiu de São Paulo com 3%.” Segundo pesquisa Datafolha, o petista era aprovado por 14% dos eleitores três meses antes das eleições de 2016, quando perdeu para João Doria (PSDB).
A questão programática, diz, também o diferenciaria do presidenciável do PT. “Eu sustento que o Brasil precisa de um projeto nacional desenvolvimentista assentado em decisões estratégicas que exigem reformas profundas que o PT teve treze anos de oportunidade para fazer e não fez.”