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Cidades de SP com menor adesão à quarentena votaram mais em Bolsonaro

Dos dez municípios que deram os maiores percentuais de votos ao presidente em 2018, sete estão com menos de 50% de pessoas comprometidas com o isolamento

Por Mariana Zylberkan Atualizado em 10 abr 2020, 16h19 - Publicado em 10 abr 2020, 16h08

Os municípios de São Paulo que mais votaram em  Jair Bolsonaro nas eleições de 2018 estão também entre os que menos têm aderido às regras da quarentena impostas pela pandemia do coronavírus (veja dados abaixo). Das dez cidades paulistas que reúnem os maiores percentuais de eleitores do presidente,  sete apresentaram índices de isolamento social abaixo de 50% da população, bem inferiores aos 70% propostos pela gestão do governador João Doria (PSDB) para conter a disseminação do vírus.

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Os números foram calculados pelo governo estadual com base em sinais de celulares, em uma parceria com operadores de telefonia móvel. Quanto menor o percentual, maior a circulação de pessoas nas cidades. Entre as localidades que têm ficado menos em casa estão Presidente Prudente (42%), Limeira (43%), São José do Rio Preto (44%) e Marília (46%) – os percentuais de votos em Bolsonaro nessas cidades foram respectivamente 78%, 82%, 78% e 80%. Para comparação, Bolsonaro foi eleito com 55% dos votos no país, 68% no Estado de São Paulo e 60% na capital paulista.

 

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O levantamento considerou 39 municípios com mais de 30.000 habitantes. A partir da próxima semana, a gestão Doria pretende ampliar o monitoramento para as demais cidades.  Diante do aumento da circulação de pessoas na capital paulista, que registra adesão de apenas 51% ao isolamento social, o tucano ameaçou multar e até prender quem desrespeitar as medidas.*Fonte: Sistema de Monitoramento Inteligente (SIMI-SP) do Governo de São Paulo
** Fonte: Tribunal Superior Eleitoral

A estratégia de convencer a população a cumprir o chamado isolamento social virou uma disputa política entre governadores e Bolsonaro, que condena as medidas por acreditar serem desnecessárias e bastante nocivas à economia do país. Por outro lado, Doria e o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), têm determinado o isolamento como medida primordial. Na última segunda-feira, 6, o tucano estendeu o prazo de quarentena em todo estado por mais 15 dias, até 23 de abril. Até lá as atividades não essenciais, como shopping centers, escritórios, lojas de rua, e bares e restaurantes, com exceção do sistema de entrega, devem ficar paralisadas.

Para o professor de Gestão Pública da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP) Marco Antônio Carvalho Teixeira, a relação entre adesão à quarentena e os eleitores de Bolsonaro se dá mais em razão do receio de perder o emprego e a fonte de renda diante da paralisação das atividades do que necessariamente por questões ideológicas. Bolsonaro tem insistido no discurso de que os efeitos econômicos do isolamento podem ser piores que os efeitos da contaminação pela doença. “O discurso do presidente contra a quarentena atrapalha porque distancia a construção de um diálogo comum entre todas as esferas de poder”, diz.

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A queda de braço entre o presidente e os governadores foi apaziguada por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que acatou pedido da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e impediu Bolsonaro de anular as medidas de contenção social adotadas nos estados.

Vídeo polêmico

Em Limeira, o prefeito Mario Botion (PSD) nunca chegou a condenar publicamente o isolamento social, mas se viu em meio a uma polêmica ao divulgar um vídeo em que disse que “todos vão pegar coronavírus” ao tentar acalmar a população. O vídeo viralizou nas redes sociais e levou o prefeito aos trending topics (assuntos mais comentados) do Twitter. Na ocasião, ele respondia a moradores que queriam saber quais eram os bairros onde moravam os três casos confirmados da doença na cidade. O prefeito se disse vítima de pessoas mal-intencionadas, que deturparam sua fala.

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