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Chuvas ameaçam Nova Friburgo com nova tragédia

No último fim de semana, temporal alagou as principais ruas do município. De 254 encostas em situação de risco, apenas oito já passam por obras

Por Rafael Lemos
18 out 2011, 16h07

“O temporal de janeiro teve um índice pluviométrico absurdo. Mas, provavelmente, teremos problemas nesse verão mesmo com chuvas normais. Já foi possível ter uma amostra nesse fim de semana.”

Luciana Rodrigues Soares, promotora do MPRJ

Tradicionalmente, o mês de outubro abre a temporada de chuvas em Nova Friburgo, município da região serrana do Rio de Janeiro onde morreram 451 pessoas na tragédia do último verão. Na tarde do último sábado, um forte temporal com apenas uma hora de duração arrastou lama das encostas para os bueiros, provocando alagamentos principalmente na região do centro. A evidente fragilidade do município para enfrentar as chuvas do verão preocupa os moradores, que se manifestaram através das redes sociais.

Segundo a Coordenadoria Municipal da Defesa Civil, o índice pluviométrico ficou em 80 milímetros – bem abaixo dos 200 milímetros do início do ano. Mesmo assim, foi o bastante para constatar que o perigo está longe de ser sanado. Transformar Nova Friburgo num lugar seguro vai demandar muito tempo e dinheiro, após décadas de descaso e falta de investimentos do poder público. Com base num relatório do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ), o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) ajuizou uma ação, em setembro, requerendo ao governo do Rio e à prefeitura de Nova Friburgo a implantação urgente de um plano de contingência e alerta nas áreas com novos riscos de deslizamento na cidade de Nova Friburgo.

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“As obras estão num bom andamento, mas o processo é demorado. São muitas as encostas em situação de risco. Por isso, o Ministério Público decidiu se concentrar na cobrança por um plano de contingência. Pedimos que a prefeitura divulgue para a população o mapeamento das áreas de risco e, ao mesmo tempo, oriente sobre o que fazer e qual o abrigo mais próximo. Alertar do perigo sem mostrar a solução, não adianta. Só causaria pânico”, afirma a promotora Luciana Rodrigues Soares, do MPRJ.

Símbolo da destruição nas chuvas de janeiro, a igrejinha na Praça do Suspiro passou por limpeza, mas ainda está rodeada de lama
Símbolo da destruição nas chuvas de janeiro, a igrejinha na Praça do Suspiro passou por limpeza, mas ainda está rodeada de lama (VEJA)

Um estudo produzido pelo Serviço Geológico do Brasil, do governo federal, em parceria com o Departamento de Recursos Minerais, do estado do Rio, identificou 254 encontas em situação de risco geológico iminente em Friburgo. As obras de contenção, no entanto, tiveram início em apenas oito encostas, incluindo a da Praça do Suspiro, principal ponto turístico local. Pela sua complexidade, é bem provável que nenhuma delas fique pronta ainda esse ano – a previsão da Secretaria estadual de Obras, entretanto, é dezembro.

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“O temporal de janeiro teve um índice pluviométrico absurdo. Mas, provavelmente, teremos problemas nesse verão mesmo com chuvas normais. Já foi possível ter uma amostra nesse fim de semana”, alerta a promotora.

A prefeitura de Nova Friburgo aponta para um problema de infraestrutura nas redes pluvial e de esgoto como a explicação para os reincidentes alagamentos no centro. Para solucionar a questão, o município estima que seja necessário um investimento de 170 milhões de reais para expandir as redes subterrâneas existentes e corrigir falhas que ocasionam na mistura da água da chuva com o esgoto.

Simulado sem sirene – No sábado, poucas horas antes do temporal, moradores do bairro Vilage, em Friburgo, participaram de um simulado para a prevenção de desastres promovido pela Secretaria Nacional de Defesa Civil. O exercício envolveu agentes da Defesa Civil local, que dispararam o alarme aos moradores das áreas vulneráveis. Apesar de já haver sirene no bairro, o alerta foi feito através de carro de som. Em seguida, os moradores foram levados para pontos de apoio.

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