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Chefe do clube do bilhão, UTC financiou campanha de aliada do tesoureiro de Dilma

Deputada do PT Márcia Lia, herdeira política de Edinho Silva na Assembleia Legislativa de São Paulo, teve quase 20% da campanha bancada pela UTC

Por Felipe Frazão 20 mar 2015, 17h12

Recém-empossada para seu primeiro mandato na Assembleia Legislativa de São Paulo, a deputada estadual Márcia Lia, do PT, recebeu 632.985 reais como contribuição de campanha, no ano passado, da UTC Engenharia, empreiteira-chefe do cartel desbaratado na Operação Lava Jato. Márcia Lia é afilhada política do tesoureiro da campanha à reeleição de Dilma Rousseff, Edinho Silva.

A contribuição foi declarada à Justiça Eleitoral, conforme exigência da legislação, mas uma das conclusões da força-tarefa da Lava Jato é que doações das empreiteiras investigadas, na verdade, eram recursos do propinoduto desviado de contratos da Petrobras – disfarçados em um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro.

No ano passado, a Direção Nacional do PT arrecadou 10,8 milhões de reais. Uma das parcelas, no valor de 1 milhão de reais, pingou no caixa da sigla no dia 5 de agosto. Horas depois, 632.985 reais foi transferido para Márcia Lia. Ela recebeu 70.945 votos e só garantiu a vaga na Assembleia Legislativa por coeficiente partidário.

A deputada paulista foi apenas um dos candidatos do PT para os quais a Direção Nacional intermediou doações da UTC. Mas a quantia doada chama a atenção. Quando considerados apenas os 10,8 milhões de reais distribuídos ao PT pela construtora de Ricardo Pessôa, empreiteiro preso pela Polícia Federal e apontado como chefe do clube do bilhão, Márcia Lia foi a parlamentar que mais recebeu recursos da UTC – ainda que seja uma estreante no Legislativo paulista. À frente dela, só os candidatos a governador Delcídio Amaral (MS), Gleisi Hoffmann (PR) e Lindbergh Farias (RJ) – todos derrotados -, além das direções estaduais da Bahia e de São Paulo. O Supremo Tribunal Federal (STF) abriu investigação contra Gleisi e Lindbergh no escândalo do petrolão. Contra Delcídio, as citações ao seu nome no esquema foram arquivadas pela Justiça.

A parlamentar declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que arrecadou 3,3 milhões de reais em sua campanha – 19% dos recursos foram da UTC Engenharia. Mais de 80% do que Márcia Lia arrecadou em geral saiu do comando do partido: um total de 2,66 milhões de reais. Ela recebeu da cúpula petista mais verba do que a campanha à reeleição do ex-governador gaúcho Tarso Genro, do que as dos governadores eleitos Camilo Santana (CE) e Wellington Dias (PI), e a do deputado federal Arlindo Chinaglia, escolhido pelo Palácio do Planalto para concorrer à presidência da Câmara neste ano.

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A campanha da presidente Dilma Rousseff recebeu 7,5 milhões de reais da UTC. O tesoureiro da campanha era Edinho Silva. Edinho afirmou que sua atribuição como tesoureiro era “responder apenas pela campanha majoritária nacional” e que “as campanhas proporcionais eram responsabilidade das instâncias do Partido dos Trabalhadores” – embora ele também tenha sido presidente da seção estadual do PT até 2013.

Conforme VEJA revelou, Ricardo Pessôa chegou a escrever, na carceragem da PF em Curitiba, bilhetes nos quais sugeria que Edinho Silva “estava preocupadíssimo” por tê-lo procurado para pedir doações eleitorais à campanha de Dilma. Edinho repudiou as informações e disse que a arrecadação da campanha de Dilma “foi realizada de forma ética e transparente, conforme previsto na legislação eleitoral”.

No domingo, Edinho concluiu seu mandato como deputado estadual. Também ex-presidente do Diretório Estadual do PT, ele publicou uma foto nas redes sociais ao lado de Márcia Lia, a quem trata como “amiga e companheira de jornadas no PT”. Em seu site, ela explica a relação entre eles: Márcia Lia é herdeira política do mandato de Edinho Silva e usou a mesma base eleitoral para se eleger. Ambos são de Araraquara (SP), cidade que Edinho administrou duas vezes.

Em 2001, Márcia Lia filiou-se ao PT e ganhou um cargo na prefeitura, quando Edinho era prefeito. Ela ainda tornou-se secretária de Governo no segundo mandato dele. Atualmente, a deputada também preside o diretório petista na cidade. Procurada, ela não comentou a doação da UTC.

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Diversos outros candidatos foram beneficiados com doações da UTC, diretas ou intermediadas pelos partidos. Um deles, o deputado federal licenciado Arnaldo Jardim (PPS), atual secretário de Agricultura e Abastecimento do governo de São Paulo, prestou depoimento nesta terça-feira como testemunha de defesa de Ricardo Pessoa na Justiça Federal.

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