O vale-tudo do governo pela aprovação da manobra fiscal que acoberta o descumprimento do superávit primário pode ter um efeito reverso. O Planalto jogou pesado ao prometer a liberação de 444 milhões de reais em emendas parlamentares caso o texto de seu interesse ganhe o aval do Congresso. Acontece que, com isso, a oposição ganhou mais uma razão para tentar obstruir a votação e impedir a manobra. E o principal: dada a indiscreta proposta feita via Diário Oficial, muitos governistas, especialmente no Senado, também ficaram incomodados. Ninguém vai reclamar de receber mais dinheiro para as emendas, mas a aprovação da proposta já nesta terça-feira pode dar ao Planalto a impressão de que o Congresso só funciona movido a dinheiro. Um parlamentar do PMDB resume a situação: “Na semana passada eu marquei presença e votaria com o governo, mas assim fica difícil”, diz um senador peemedebista. Para conseguir aprovar o texto, o governo precisa antes de tudo obter quórum entre deputados e senadores. Foi o que faltou na semana passada e pode faltar novamente nesta terça. (Gabriel Castro, de Brasília)