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Centrão aumenta pressão sobre Guedes, que resiste com o apoio de Bolsonaro

Preocupada com a rejeição ao governo, base aliada quer que o ministro acelere a liberação de recursos e turbine logo o programa de transferência de renda

Por Daniel Pereira 16 out 2021, 12h40

O ministro da Economia, Paulo Guedes, nunca teve uma relação boa com a classe política. Na sua estreia em negociações com o Congresso, ele recomendou uma “prensa” nos parlamentares para garantir a votação da reforma da Previdência. Colheu antipatia. No início da pandemia de Covid-19, propôs um auxílio emergencial de 200 reais, devidamente descartado pelos parlamentares, que, num acordo com o presidente Jair Bolsonaro, aprovaram o valor de 600 reais para as primeiras parcelas pagas em 2020. A relação entre as partes — quase sempre pautada por desarmonia, desconfiança e desapreço mútuo — ganhou novos contornos com a decisão do plenário da Câmara de convocar o ministro para prestar esclarecimentos sobre os recursos que ele mantém num paraíso fiscal.

Aprovada por ampla maioria de votos com o apoio de partidos como o PP do ministro Ciro Nogueira (Casa Civil), o PR do ministro João Roma (Cidadania) e o PL da ministra Flávia Arruda (Secretaria de Governo), a convocação não foi motivada apenas pela alegada intenção dos deputados de passar a limpo a história das “offshores” de Guedes. No caso das legendas do Centrão, que formam a principal base de apoio a Bolsonaro no Legislativo, o objetivo é desgastar Guedes e pressioná-lo a atender uma série de demandas, de cargos à liberação de recursos orçamentários, passando pela ampliação do programa federal de transferência de renda (Bolsa Família/Auxílio Brasil), iniciativa considerada fundamental para melhorar a popularidade de Bolsonaro e seus aliados.

Alguns próceres do Centrão até gostariam que Guedes fosse demitido, mas eles admitem que Bolsonaro não tomará uma decisão nesse sentido. O presidente acredita na projeção de seu ministro de que a economia crescerá 5% este ano — na comparação com a base achatada de 2020, quando houve retração de 4% — e estará em pleno vapor na eleição municipal de 2020. A tese de Guedes, encampada por seu chefe, é de que o mau momento da economia brasileira e o mau humor do eleitorado com o governo estarão superados quando a eleição de 2022 for realizada.

Além de acreditar na redenção prometida, Bolsonaro descarta demitir o ministro, apesar do ataque especulativo que ele sofre no Congresso, porque Guedes ainda é uma âncora importante do governo ao simbolizar o compromisso com o teto de gastos e as reformas estruturantes. Na prática, o ministro segura parte relevante do mercado financeiro, entre outros atores, na aliança bolsonarista. Não é pouca coisa, ainda mais no momento de maior fragilidade do governo, que enfrenta uma rejeição recorde de 53%, de acordo com o Datafolha.

“O Guedes está muito desgastado no Congresso, mas é muito difícil ser demitido pelo presidente, que aposta na recuperação da economia a partir de janeiro”, diz um dos mais influentes ministros da administração Bolsonaro. O cerco ao chefe da equipe econômica ocorre em meio a uma colheita de dados negativos. O desemprego atinge 14 milhões de pessoas. A inflação oficial ultrapassou a casa dos dois dígitos nos doze meses encerrados em setembro. O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou para baixo a previsão de expansão da economia brasileira em 2022, de 1,9% para 1,5%. Já a pobreza voltou a subir, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). 

 

 

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