CCJ deve confirmar legalidade de cassação de Demóstenes
Discussão sobre constitucionalidade do processo de cassação é o último passo antes da votação no plenário
Na corda bamba por suas relações não republicanas com o contraventor Carlinhos Cachoeira, o senador Demóstenes Torres já atacou a imprensa, a suposta parcialidade da Polícia Federal e até apelou ao corporativismo para tentar manter seu mandato parlamentar. Diz ser vítima de uma tramoia, de métodos medievais de investigação, de um clima tramado para ejetar um senador do mandato que lhe foi conferido em 2010 por mais de 2 milhões de eleitores.
Os argumentos emocionais do político goiano, repetidos à exaustão em discursos no plenário do Senado ao longo desta semana, não devem livrá-lo, no entanto, de nova derrota nesta quarta-feira. Em votação aberta, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) deve confirmar a legalidade do processo de quebra de decoro a que ele responde na Casa.
O aval dos senadores da CCJ à continuidade da ação para perda de mandato significará uma resposta política ao mais recente escândalo do Congresso Nacional. O relatório do senador Pedro Taques (PDT-MT), favorável à constitucionalidade do processo de cassação, deverá ser aprovado por unanimidade, confirmando que não houve ilegalidades ou cerceamento de defesa do parlamentar.
De nada adiantará a gritaria de Demóstenes de que interceptações telefônicas feitas pela PF foram ilegais – não periciadas ou sem anuência do Supremo Tribunal Federal (STF) -, de que tem sido acusado por ilícitos que não cometeu ou de que até já foi condenado pela opinião pública.
O atestado de constitucionalidade da CCJ – cuja reunião está agendada para as 10h – é o último passo antes de o processo de cassação de Demóstenes Torres ser levado ao plenário do Senado. No próximo dia 11, entre 80 outros senadores, em votação secreta, é que a trajetória política do parlamentar será definida de uma vez por todas.