Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Candidatos tentam levar disputa a inédito 2º turno em Boa Vista

Campanha na capital de Roraima será marcada por temas que extrapolam a política - e chegam ás páginas policiais

Por Felipe Frazão Atualizado em 23 ago 2016, 17h00 - Publicado em 23 ago 2016, 12h52

Boa Vista, capital do Estado de Roraima, detentor do pior PIB do país, terá pela primeira vez na história a possibilidade de um segundo turno em eleições municipais – por ter superado a marca de 200.000 eleitores. Essa é a aposta dos oito desafiantes que tentam evitar a reeleição da prefeita Teresa Surita (PMDB): Abel Galinha (DEM), Jeferson Alves (PDT), Sandro Baré (PP), Roberto Ramos (PT), Márcio Junqueira (Pros), Alex Ladislau (PRP), Kalil Coelho (PV) e José Luis Oca (Psol). Em seu 16º ano como prefeita, Teresa, por sua vez, trabalha para conquistar um quinto mandato e consolidar o domínio de seu grupo político no que chama de “cidade-Estado”.

Especial eleições 2016:
Acesse a página com a cobertura nas 26 capitais
Quem são os candidatos à prefeitura de Boa Vista

Boa Vista ainda não tem pesquisas eleitorais registradas, mas as sondagens internas de diferentes comitês já estão na praça e colocam Teresa na liderança com alguma folga (na casa de 50%) e uma indefinição sobre quem seria o segundo colocado. Ela ainda tem a seu favor a máquina pública da prefeitura e a estrutura do grupo político a que pertence liderado pelo ex-marido, o senador Romero Jucá (PMDB), ex-ministro do Planejamento. E larga também com o maior número de partidos coligados (dez) e, portanto, mais tempo de TV no horário eleitoral gratuito. Teresa é a única remanescente dos nomes que concorreram em 2012. Os adversários, por isso, não devem se beneficiar de recall direto, numa eleição mais curta e com restrições ao financiamento. Mas a campanha não reserva tanta tranquilidade para a peemedebista.

A prefeita acumula dezenas de ações na Justiça e já teve duas condenações por improbidade administrativa em primeira instância: por ter feito promoção pessoal com verba pública e por irregularidades na contratação de uma empresa que pertencia ao irmão de seu secretário de Obras, para realizar asfaltamento de ruas. Teresa ainda responde a mais processos por danos ao erário e foi indiciada em inquéritos criminais por peculato, em geral relacionados a obras com recursos federais.

Continua após a publicidade

E nem ela, nem os adversários passarão por uma campanha sem responder a temas mais policiais do que políticos. O debate eleitoral jogará luz mais uma vez sobre trechos nada nobres da biografia deles e de seus padrinhos, no já conflagrado choque entre lideranças do Estado.

Pergunte ao candidato: Envie sua pergunta pelo Whatsapp (11-9-99485558) ou pelo site de VEJA
Tire suas dúvidas sobre as eleições municipais de 2016

Em 2016, o senador Romero Jucá, investigado por suspeita de cobrar propina de 15 milhões de reais na Operação Zelotes, tornou-se o primeiro ministro demitido do governo interino de Michel Temer depois de ter sido flagrado em conversas com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado sobre como atrapalhar a Operação Lava Jato. A Procuradoria-Geral da República chegou a pedir a prisão de Jucá. O fato levou seu maior rival, o senador Telmário Mota (PDT), a quem chamou de “bandido e desqualificado” a tachá-lo de volta como “o maior propineiro do país”. “Estamos enfrentando uma quadrilha”, provoca Jeferson Alves, o escolhido de Telmário, reproduzindo o estilo do parlamentar aliado.

Continua após a publicidade

Só que Telmário também virou investigado pela PGR neste mês, por suspeita de agredir uma amante. A jovem de 19 anos relatou à polícia que o senador desferiu contra ela socos e chutes, até desmaiasse, e fez ameaças de morte caso a moça revelasse o espancamento. Mas depois voltou atrás na denúncia. Telmário, no entanto, virou alvo de inquérito com base na Lei Maria da Penha.

Em outra investigação, a esposa dele, a ex-deputada estadual Suzete Macedo de Oliveira, foi presa pela Polícia Federal, depois de ter sido condenada a seis anos e oito meses de cadeia. A mesma operação colocou atrás das grades o ex-governador Neudo Campos, marido da atual governadora Suely Campos (notabilizada por empregar mais de uma dezena de familiares em cargos de confiança). Com a cobertura de PMs da sede do governo, ele teria tentado fugir para a Venezuela, segundo a PF. O casal lançou a candidatura do vereador Sandro Baré (PP), que já no primeiro mandato foi cassado por se beneficiar da estrutura da Defensoria Pública na campanha.

A operação que atingiu neste ano as cúpulas locais do PDT e do PP era só mais um desdobramento do notório Escândalo dos Gafanhotos, descoberto em 2003. Consistia em um esquema milionário de desvio da folha de pagamentos do funcionalismo estadual, a partir do registro de 5.000 funcionários fantasmas – os gafanhotos –, para os bolsos de deputados, conselheiros do Tribunal de Contas e secretários estaduais, participação do governador Neudo Campos e seu vice e virtual sucessor, Flamarion Portela, marido da senadora petista Ângela Portela, conforme mostrou VEJA à época. O escândalo completou treze anos, mas deu mostras de que ainda pode atrapalhar os planos dos caciques da política local.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.