Câmara do Rio suspende recesso para analisar impeachment de Crivella
Dezessete vereadores de oito partidos de oposição assinaram convocação de sessão extraordinária, que pode ser feita já na próxima quinta-feira, 12
Vereadores de oposição na Câmara Municipal do Rio de Janeiro conseguiram nesta terça-feira, 10, as 17 assinaturas necessárias para convocar uma sessão extraordinária para discutir a abertura de processo de impeachment contra o prefeito Marcelo Crivella (PRB). Agora, os parlamentares cariocas deverão interromper o recesso da Casa para analisar a conduta do prefeito.
Em reunião fechada no Palácio da Cidade, na semana passada, Crivella ofereceu a líderes religiosos ajuda para obter cirurgias de catarata e varizes, pelo SUS, para fiéis. Também acenou com a possibilidade de ajuda a pastores com problemas para obter a isenção legal de pagamento de IPTU para seus templos. O prefeito é bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus e sobrinho de Edir Macedo, fundador da igreja. O encontro foi revelado pelo jornal O Globo.
O pedido de suspensão do recesso foi assinado por um terço dos vereadores: Babá, David Miranda, Leonel Brizola Neto, Paulo Pinheiro, Renato Cinco e Tarcísio Motta, do PSOL; Luciana Novaes e Reimont, do PT; Fernando William, do PDT; Átila Nunes, Rosa Fernandes e Rafael Aloísio de Freitas, do MDB; Leandro Lira, do Novo; Professor Adalmir e Teresa Bergher, do PSDB; Ulisses Marins, do PMN; e Zico Bacana, do PTB.
As assinaturas foram colhidas por Tarcísio Motta. Os vereadores querem que a reunião seja realizada já na próxima quinta-feira, 12.
O documento assinado pelos parlamentares será apresentado ao presidente da Câmara, o vereador Jorge Felippe (MDB), que assumirá a prefeitura caso Marcelo Crivella seja deposto. O vice-prefeito do Rio, Fernando MacDowell, morreu em maio deste ano.
Há três pedidos de impeachment tramitando na Casa, movidos pelo vereador Átila Nunes (MDB), pela bancada do PSOL e pelo Sindicato dos Servidores Públicos do Município do Rio de Janeiro (Sisep-Rio).
O procurador-geral de Justiça do Rio, Eduardo Gussem, afirmou que o Ministério Público também pretende investigar as denúncias feitas por parlamentares de improbidade administrativa contra Crivella. O procurador lembrou que já existem outros procedimentos em tramitação no MP-RJ. Eles questionam atitudes do prefeito em relação ao caráter laico (sem religião) do Estado.