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Caixa dois de governador do Piauí foi de R$ 500 mil, diz MP

Justiça Eleitoral registra que Ministério Público apreendeu R$ 449 mil que seriam usados para compra de votos em favor do governador Wellington Dias

Por Felipe Frazão 10 fev 2015, 19h21

Um mês depois de Wellington Dias (PT), eleito em primeiro turno com 63% dos votos em outubro do ano passado, tomar posse como governador do Piauí, a Justiça Eleitoral publicou a soma dos valores que Ministério Público apontou como caixa dois para abastecer um esquema de compra de votos orquestrado na campanha do petista. A cifra apreendida beira a casa de 500.000 reais. Dias e sua vice-governadora, Margarete Coelho (PP), são réus em uma ação eleitoral que pede a cassação dos diplomas de ambos e a condenação à inegibilidade por oito anos. O procurador regional eleitoral, Kelston Pinheiro Lages, acusa os eleitos de compra de votos e abuso de poder econômico e político.

A somatória – 449.440,20 reais, em números precisos – consta em despacho do corregedor regional eleitoral, desembargador Joaquim Dias de Santana Filho. O valor, que segundo a Procuradoria não passou pelas contas de campanha, equivale a 9,3% da despesa declarada por Dias ao Tribunal Superior Eleitoral, pouco mais de 4,8 milhões de reais. Para o Ministério Público, o dinheiro seria usado na compra de votos em diversas cidades do Piauí.

No documento, o desembargador afirma que o Ministério Público Eleitoral descreveu o funcionamento do esquema investigado: “O modus operandi dos réus consistiu em repassar recursos financeiros aos chefes políticos locais para que estes ‘comprassem’ os eleitores nos municípios”. Segundo Lages, líderes políticos do interior do Estado foram cooptados pela campanha do petista e que o “derrame de dinheiro” e outras benesses, como a distribuição de dentaduras, foram realizados “com o consentimento e em benefício dos candidatos/réus”.

O corregedor do Tribunal Regional Eleitoral classificou o sistema de compra de votos investigado como “organizado e sofisticado”, no despacho assinado em 30 de janeiro e publicado na última terça-feira. O governador piauiense já disse, por meio de sua assessoria jurídica, que “não tem qualquer ligação” com o esquema investigado e que “jamais cometeu qualquer ilícito antes, durante e após o pleito de 2014”. O corregedor mandou notificar o chefe do Executivo e sua vice para que eles apresentem defesa por escrito no processo.

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Um dos principais elementos que levou o Ministério Público a protocolar a ação foi a apreensão, a 25 dias do primeiro turno, de 180.000 reais em dinheiro vivo com o primo de Wellington Dias e então motorista dele no Senado, José Martinho Ferreira de Araújo. Ele escondeu o dinheiro sob o banco traseiro de seu carro particular. O procurador suspeitou de movimentação ilícita de recursos para compra de votos e pediu a quebra do sigilo telefônico do ex-motorista. Atualmente, Araújo está empregado na Secretaria de Governo do Estado – ele ganhou o cargo em janeiro por indicação direta de Wellington Dias.

Durante a campanha, o Ministério Público, a Polícia Federal e a Polícia Civil apreenderam “grandes quantidades de dinheiro em espécie, cheques, material de campanha dos réus, listas com nomes de eleitores e seus respectivos títulos eleitorais, zonas e seções de votação”, de acordo com o despacho judicial.

A ação judicial contra Wellington Dias e Margarete Coelho possui ao menos seis frentes. Além das apurações sobre os 180.000 reais encontrados com o primo do governador e sobre a participação de seus então assessores no Senado na campanha, o MP e a PF apuram: flagrantes de oferta de dinheiro e impressos de campanha em Beneditinos (PI); a prisão de apoiadores do petista em Conceição do Canindé (PI), onde o ex-prefeito da cidade e médico atendia pacientes gratuitamente no dia da eleição; operação da PF que apreendeu 200.000 reais em dinheiro com impressos de campanha, lista de eleitores e manuscritos evidenciando o caixa dois nas cidades de Corrente, Oeiras e Teresina; e indícios do envolvimento do prefeito e da primeira-dama de Pau D’Arco do Piauí em compra de votos para Dias. Ele teria promovido uma reunião às vésperas do pleito, na qual houve o recolhimento dos títulos eleitorais de servidores municipais, enquanto ela foi presa em flagrante em casa, onde foram apreendidos 32.290 reais em espécie e dois cheques no valor de 20.000 reais em nome de um advogado aliado do petista, além de uma planilha individualizada com dados de eleitores e de próteses dentárias.

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