Cachoeira tentou comprar sistema para fraudar licitações
Escutas da Polícia Federal mostram bicheiro negociando software e maleta capazes de fazer seu grupo ganhar "tudo quanto é licitação"
O bicheiro Carlinhos Cachoeira negociou a compra de um sistema criado no exterior e capaz de fraudar licitações feitas por meio de pregão eletrônico. Escutas feitas pela Polícia Federal dentro da Operação Monte Carlo mostram Cachoeira e o ex-diretor da empreiteira Delta no Centro-Oeste Claudio Abreu falando sobre o software, que funciona com o auxílio de uma maleta. Leia também: CPI do Cachoeira suspende reuniões até o final das eleições CPI encerra sessão sem ouvir Leréia ou laranja da Delta Grupo de Cachoeira transferiu atividades para o DF Tudo sobre o Caso Cachoeira De acordo com reportagem publicada na edição desta terça-feira do jornal Folha de S.Paulo, Cachoeira e Abreu citam uma empresa chamada Régula como a fornecedora da maleta, fabricada na Bielorrússia. “Eles são exclusivos no mundo inteiro, cara. A gente ganha todas as licitações”, disse Cachoeira em uma das conversas grampeadas pela PF, com autorização judicial. O método da fraude já é conhecido pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pelo Ministério do Planejamento. Investigação feita pelos órgãos encontrou um programa que identificava os lances dos oponentes e, de maneira quase imediata, dava lances um pouco mais baixos, facilitando a vitória. Em dezembro de 2011, o governo editou portaria para impedir que fossem feitas propostas em menos de vinte segundos após um lance. A PF ainda investiga se a compra do sistema foi concretizada e se a burla chegou a ser feita em alguma licitação. O representante da Régula no Brasil, Alexandre Marinho, confirmou ter sido procurado por pessoas citadas por Cachoeira, mas não informou em qual produto o grupo tinha interesse. O advogado do bicheiro, Nabor Bulhões, disse desconhecer o uso do software pelo seu cliente.